Muito mais discreta do que a operação de reconquista de Mossul, a tomada da pequena localidade rural de Dabiq, no norte da Síria, no domingo passado, terá sido porventura o maior golpe no orgulho jiadista.
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Para lá de ser a inspiração para o título da revista digital de propaganda do autoproclamado Estado Islâmico (EI) editada em inglês, Dabiq era tida como o lugar da "última hora", recorda o jornal "Le Monde".
A propaganda jiadista sempre anunciou Dabiq como a terra onde se daria a última batalha com os "cruzados" e o seu "túmulo final", a mesma batalha profetizada por Maomé (sem indicação de lugar), referindo-se à luta entre muçulmanos e romanos (bizantinos). Uma profecia profusamente propalada pelo fundador do movimento que daria origem ao EI, o jordano Abu al-Zarkawi.
E a que o grupo deu uma dimensão apocalíptica com o famoso vídeo mostrando o trabalhador humanitário norte-americano Peter Kassig a ser degolado pelo não menos famoso britânico "Jihadi John", de seu verdadeiro nome Mohammed Emwazi, entretanto morto pela coligação liderada pelos EUA. "Aqui enterramos o primeiro cruzado em Dabiq, enquanto aguardamos a chegada do resto dos vossos exércitos", clamava.
No passado domingo, os rebeldes sunitas (como são sunitas os jiadistas do EI) do Exército Sírio Livre e a artilharia turca limparam Dabiq. E tiraram selfies.