A retaliação esperada pelo ataque ao "Moscovo" e o pedido alemão para "irritar Putin"
Ao 51.º dia de conflito, as forças ucranianas reconheceram estar "plenamente conscientes" de que a Rússia não perdoará o ataque ao cruzador "Moscovo" e esperam retaliações. Entretanto, o Governo finlandês sublinhou que "o mais provável" é que o país adira à NATO e a Rússia já reagiu, prometendo consequências para a segurança europeia. Mais de 900 corpos de civis foram descobertos na região de Kiev, após a retirada das forças russas.
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- Depois de uma noite marcada por várias explosões em Kiev e Kherson - e pelo ecoar das sirenes de alerta em todo o território - a deputada ucraniana Lesia Vasylenko afirmou que, provavelmente, Putin terá ficado "furioso" por causa do naufrágio do navio Moscovo, símbolo do poder naval russo. Os ataques foram realizados com mísseis de cruzeiro Kalibr lançados no mar e tiveram como alvo a fábrica de construção de máquinas Vizar, no subúrbio de Zhulyany, em Kiev.
- A procuradoria ucraniana informou esta sexta-feira que mais de 3500 alegados crimes de guerra cometidos pelas tropas russas na Ucrânia estão sob investigação.
- O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, elogiou a coragem dos civis por sobreviverem a 50 dias de guerra, quando os russos lhes deram cinco. "Eles não sabiam quão corajosos são os ucranianos, o quanto valorizamos a liberdade e a possibilidade de viver da forma que queremos", sublinhou.
- Esta sexta-feira houve mais uma troca de prisioneiros, desta vez em Kherson, no sul da Ucrânia. Quatro prisioneiros russos foram trocados por cinco militares ucranianos na vila de Posad-Pokrovske, após intensas negociações.
- De acordo com o chefe da região leste de Kharkiv, pelo menos 503 civis morreram, naquela zona, desde o início da invasão russa, a 24 de fevereiro. Segundo Oleg Synegubov, há 24 crianças entre as vítimas.
- Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que a força militar portuguesa que partiu esta sexta-feira para a Roménia vai prevenir e defender a paz no leste da Europa, revelando que o primeiro-ministro, António Costa, a visitará dentro de um mês.
- O Ministério da Defesa russo disse hoje que vai responder às ações das forças ucranianas em território russo com um aumento dos ataques a Kiev. "O número e a escala de ataques com mísseis contra alvos em Kiev aumentarão em resposta a quaisquer ataques de natureza terrorista ou sabotagem em território russo cometidos pelo regime nacionalista de Kiev", afirmou um porta-voz.
- A ministra finlandesa para os assuntos europeus, Tytti Tuppurainen, frisou, numa entrevista à "Sky News", que o "mais provável" é que a Finlândia se junte à NATO. "O povo da Finlândia parece já ter decidido e há uma grande maioria para a adesão à NATO. Claro, isso não é tudo. Somos uma democracia parlamentar, por isso precisamos de discutir essa questão no Parlamento. Neste ponto, eu diria que é altamente provável, mas uma decisão ainda não foi tomada", disse.
- A Rússia já reagiu, reafirmando que uma eventual adesão da Finlândia e da Suécia à NATO terá consequências para os dois países e para a segurança europeia.
- As autoridades de Mariupol revelaram que os russos estão a exumar corpos enterrados nos pátios dos quarteirões residenciais. De acordo com Kiev, os ocupantes utilizam 13 crematórios móveis para encobrir alegados crimes de guerra.
- O ministro da Economia e vice-chanceler alemão, Robert Habeck, pediu aos alemães que poupem energia para "irritar Putin", numa altura em que a Alemanha procura reduzir a dependência do gás russo.
- Quase 4,8 milhões de ucranianos fugiram da Ucrânia desde a invasão pela Rússia, há 51 dias, sendo que quase 60% foram para a Polónia, anunciou o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR).
- Pela primeira vez desde o início da ofensiva, a Rússia usou bombardeiros de longo alcance para atacar a cidade portuária de Mariupol, afirmou o porta-voz do Ministério da Defesa da Ucrânia, Oleksandr Motuzyanyk.
- As forças militares ucranianas estão "plenamente conscientes" de que a Rússia não vai perdoar o ataque ao cruzador Moskva, afirmou uma porta-voz militar, adiantando que não foi possível resgatar a tripulação.
- Mais de 900 corpos de civis foram descobertos na região de Kiev após a retirada das forças russas, disse o chefe de polícia regional. Numa entrevista, Andriy Nebytov adiantou que os corpos foram abandonados nas ruas ou enterrados provisoriamente e sublinhou que 95% morreram por ferimentos de bala.