Os partidos da coligação do Governo grego, a formação de esquerda radical Syriza e os Gregos Independentes (Anel, nacionalista) concordaram numa ampla liberdade de voto nos temas em que divergem.
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Segundo o jornal diário "Ta Nea", o primeiro-ministro grego Alexis Tsipras e o líder do Anel, Panos Kamenos - que dirige o Ministério da Defesa, o único atribuído à formação nacionalista - concluíram este acordo logo no início da sua colaboração no executivo.
Os dois partidos formam um Governo de coligação com diversos objetivos prioritários, desde a renegociação da dívida grega com os parceiros europeus, o fim das políticas de austeridade, o regresso do crescimento, o combate ao desemprego, à corrupção e à evasão fiscal.
Além das questões económicas, os dois partidos divergem em diversos temas sociais como a política migratória, relações entre Estado e a igreja ortodoxa, ou a política externa.
Assim, Kamenos voltou a pronunciar-se na terça-feira contra a atribuição da nacionalidade grega aos filhos de imigrantes nascidos na Grécia, uma declaração que até ao momento não provocou reações por parte do Syriza, que no seu gabinete inclui Tasia Christodoulopoulou, uma ministra-adjunta responsável pela política de imigração.
O partido da esquerda radical defende a concessão da cidadania grega aos filhos de imigrantes nascidos na Grécia e que frequentaram a escolaridade obrigatória.
Kamenos já referiu que o seu partido, uma cisão da conservadora Nova Democracia (ND) do ex-primeiro-ministro Antonis Samaras, "não votará leis contrárias aos seus princípios", apesar de admitir a concessão da nacionalidade aos imigrantes de terceira geração que estejam "totalmente integrados" na sociedade grega.
A oposição do Anel poderá não impedir o Syriza de aprovar esta lei no parlamento, por garantir em princípio o apoio do social-democrata Pasok, do Partido Comunista (KKE) ou mesmo do partido centrista To Potami (O Rio).
O Syriza também defende a redução drástica da influência da igreja nos assuntos do Estado, posição rejeitada pelo seu parceiro de Governo, que no parlamento europeu está incluído no grupo político dos Europeus conservadores e reformistas, fundado por iniciativa de David Cameron, enquanto a formação de Alexis Tsipras defende uma política europeia e está integrada na Esquerda Unida europeia (EUL/NGL).
O Syriza venceu as legislativas antecipadas de 25 de janeiro com 36,3% dos votos, elegendo 149 dos 300 deputados, ficando a dois mandatos da maioria absoluta. O Anel foi o sexto partido mais votado, entre os sete que garantiram representação parlamentar, com 4,8% dos votos e 13 deputados.