Angela Merkel confirmou a intenção de recandidatar-se nas eleições legislativas de 2017, em que a Extrema-Direita pode entrar no Bundestag.
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A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, anunciou este domingo que tenciona recandidatar-se ao lugar nas eleições legislativas de setembro do próximo ano, posicionando-se como a figura mais destacada da União Democrata-cristã (CDU) e tentando congregar o centro-direita face à ameaça do avanço da Extrema-Direita populista e xenófoba.
Esperada "há meses", segundo a agência noticiosa alemã DPA, a recandidatura de Merkel, que se apresentará ao sufrágio interno para a liderança da CDU a 6 de dezembro, foi confirmada pela própria, ao final da tarde.
Tratou-se de uma decisão muito refletida "numa altura difícil e de incertezas", disse Merkel, numa conferência de Imprensa em que se anunciou como a candidata da defesa da democracia, da liberdade e de todos, independentemente do sexo, cor, raça ou religião e prometeu uma campanha "muito diferente das anteriores".
Com 62 anos e há onze na chefia do governo, Angela Merkel igualará o recorde de 16 anos de permanência no poder, se for eleita e se completar o mandato, que pertence ao antigo chancelar democrata-cristão e seu padrinho político, Helmut Khol. O cofundador da CDU Konrad Adenauer foi chanceler menos dois anos.
A embalar o anúncio - esperado, tendo em conta a ausência de alternativas de sucessão no seio da CDU, que Merkel lidera desde 2000 - estarão sondagens positivas divulgadas nos últimos dias pelo jornal "Bild", segundo as quais 55% dos inquiridos desejam que a chanceler avance para um quarto mandato.
Esse suporte, apesar das críticas à política "aberta" de imigração (em 2015, a Alemanha acolheu cerca de 900 mil refugiados), parece dever-se ao apreço que os eleitores de Merkel mantêm pela sua influência na Europa, onde, observa a agência de notícias Reuters, a dirigente alemã é vista como um elemento de estabilização, bem como na relação com os Estados Unidos.
Na visita da semana passada à Alemanha, o Presidente norte-americano, Barack Obama, não lhe poupou elogios e descreveu-a como "uma aliada notável", mas ninguém ignora que a substituição de Obama pelo populista, apoiado pela ultradireita, Donald Trump é simbólica da ameaça crescente da Extrema-Direita em vários países, incluindo na Alemanha.
CDU ganha, mas AfD entra
Segundo a última sondagem do "Bild", a formação de Extrema-Direita Alternativa pela Alemanha (AfD), que ameaçou a CDU em recentes eleições regionais, poderá entrar para o Parlamento (Bundestag), recolhendo 13% das intenções de voto, embora a CDU e a aliada União Social Cristã da Baviera somem 33%, mais nove pontos do que o Partido Social Democrata. "Os Verdes" contam com 12%, A Esquerda com 9% e o Partido Democrático Liberal pode regressar com 5%.
À Direita e ao Centro, Merkel, uma antiga investigadora de Física que se interessou por política depois da queda do muro de Berlim (1989), está a ser apontada pelos seus apoiantes, na leitura do jornal francês "Le Monde", como "garante de estabilidade e derradeira defensora de peso dos valores democráticos do Ocidente", face à progressão dos populismos.