Assad diz que é preciso travar fluxo de terroristas a partir da Turquia e dinheiro saudita
O presidente da Síria afirmou ser necessário travar o fluxo de terroristas, que chegam ao país e ao Iraque, da Turquia e o dinheiro da Arábia Saudita para financiamento dos grupos extremistas.
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"Temos na Síria mais de 100 nacionalidades que lutam ao lado dos extremistas e terroristas, al-Qaeda e Al-Nosra, entre outros. O primeiro passo a dar para resolver este problema é deter o fluxo de terroristas, especialmente através da Turquia para a Síria e Iraque, e também o fluxo de dinheiro, saudita, wahabi e do Qatar, para os terroristas através da Turquia", declarou Bashar al-Assad, numa entrevista exclusiva à agência noticiosa espanhola EFE.
O dirigente sírio sublinhou também a necessidade de interromper o fornecimento de armamento e apoio logístico aos grupos que combatem o seu regime.
"Temos que começar por deter o fluxo e, ao mesmo tempo, combater o terrorismo na Síria, com o exército sírio e com quem queira apoiar o nosso exército", acrescentou, numa alusão à coligação internacional que combate o grupo extremista Estado Islâmico (EI) há mais de um ano, sem qualquer coordenação com Damasco.
Al-Assad disse que organizações "consideradas terroristas em todo o mundo, como o EI ou a Frente Al-Nosra" têm centenas de milhões de dólares e "um exército quase completo, tal como qualquer Estado".
O que não podiam ter sem o apoio direto de vários países, afirmou o presidente sírio, referindo a Turquia, Arábia Saudita e Qatar.
"Para acabar com a guerra rapidamente - e a maior parte do mundo afirma agora que quer ver o fim desta crise - é preciso exercer pressão os países que conhecem: Turquia, Arábia Saudita, Qatar e, sem qualquer dúvida, este conflito vai terminar em menos de um ano", acrescentou.
A guerra civil na Síria, que começou em 2011, causou perto de 250 mil mortos, de acordo com a ONU.
Em relação à participação da Rússia no conflito, Al-Assad negou que Moscovo pretenda construir uma segunda base na Síria. "Não, isso não é verdade, e há dois dias eles próprios [as autoridades russas] desmentiram estas afirmações. Se existisse algum projeto, teríamos feito um anúncio conjunto", garantiu.
Al-Assad também negou que o Irão, principal aliado da Síria na região, esteja a planear construir uma base militar em território sírio. "Não. Nunca pensaram nisso e nunca propuseram ou debateram o tema", declarou.
Na quarta-feira, o Ministério da Defesa russo declarou que Moscovo não tem planos, nem necessidade de novas bases aéreas na Síria. "Não houve, nem há qualquer necessidade operacional de criar 'bases aéreas' adicionais na Síria, como inventaram certos pseudo-estrategas", afirmou o porta-voz Igor Konashenkov.
O exército russo tem uma base aérea na província síria de Latakia (norte).
A Rússia, cuja participação foi considerada positiva por al-Assad, deu início a uma campanha de bombardeamentos aéreos contra objetivos dos grupos jiadistas na Síria a 30 de setembro, a pedido do presidente sírio.
Além dos bombardeamentos, na intervenção russa participaram navios de guerra, que lançaram mísseis de cruzeiro a partir do mar Cáspio. A estes ataques juntou-se, esta semana, um submarino no mar Mediterrâneo.
O chefe de Estado sírio insistiu que a Rússia não pediu nada em troca pelo apoio e intervenção no conflito "por não ser uma questão de intercâmbio comercial".
"Em troca, a Rússia quer estabilidade na Síria, Iraque e em toda a região. Não estamos longe da Rússia e (...) não estamos longe da Europa. Então, a ação da Rússia na Síria constitui um ato de defesa da Europa de forma direta", sublinhou.
Os recentes atentados terroristas em Paris, que causaram 130 mortos, são a prova de que "o que se passa aqui, vai afetar positiva e negativamente" a Europa, declarou.