Uma câmara de vigilância filmou o descarrilamento do comboio em Santiago de Compostela. Pelo menos 80 pessoas morreram e mais de 160 ficaram feridas. Há quatro crianças entre os 35 feridos em estado crítico. Foi concluída a identificação de 67 vítimas mortais, entre as quais não há portugueses. O motorista tem 13 anos de experiência, dois naquela linha, foi constituído arguido e terá admitido que viajava a cerca de 190 km/h, o dobro do aconselhável naquela curva "difícil". Caixa negra do comboio já está nas mãos de um juiz. Veja o vídeo.
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O juiz encarregado de investigar o acidente ferroviário de Santiago de Compostela, que fez 80 mortos e mais de 160 feridos, já recebeu a caixa negra do comboio para determinar as causas do acidente, disse fonte da transportadora. A lista das vítimas será divulgada esta quinta-feira à noite.
O comboio de alta velocidade, que fazia a ligação Madrid-Ferrol com 218 passageiros mais tripulação (247 pessoas segundo o conselheiro regional Agustín Hernández Fernández de Rojas), descarrilou à entrada da estação de Santiago de Compostela, na Galiza, cerca das 20.45 horas locais (19.45 horas de quarta-feira em Portugal continental).
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Um dos maquinistas do comboio admitiu que circulava a cerca de 190 quilómetros por hora numa zona limitada a 80. Foi encontrado a deambular entre os corpos e os destroços, dizendo: "Descarrilei, que hei-de fazer, que hei-de fazer?"
O presidente da operadora ferroviária Renfe, Julio Gómez-Pomar Rodríguez, confirmou que a linha ferroviária onde ocorreu o acidente tem um sistema de segurança e assegurou que ainda na quarta-feira de manhã o comboio acidentado tinha sido sujeito a uma revisão.
Gómez-Pomar afirmou que não demorará muito para que se conheçam as causas do acidente, mas sublinhou que a decisão caberá ao juiz, que terá de avaliar todas as provas.
O comboio descarrilou em Angrois, um bairro a quatro quilómetros da estação de Santiago. Nesta região decorria uma festividade, que entretanto foi cancelada.
"Em nenhum momento pensei num atentado. Quando o comboio entrou na curva, tive a sensação de que ia demasiado rápido e descarrilou", descreveu Sérgio, um dos passageiros feridos. O Ministério do Interior também descartou a hipótese de atentado.
Para o local foram mobilizadas várias ambulâncias, bombeiros, agentes da polícia local e nacional. Moradores na zona também colaboraram com os meios de socorro, nomeadamente, cedendo mantas e lençóis para tapar as vítimas mortais. Alguns transportaram feridos ao hospital nos seus veículos particulares.
Portugal ofereceu ajuda às autoridades espanholas, perante aquele que é o terceiro acidente ferroviário mais grave em Espanha.
As autoridades fizeram um apelo à doação de sangue, de forma a responder às necessidades das dezenas de feridos. A população galega respondeu em massa, registando-se longas filas no centros de recolha de dádivas.