O secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, disse, esta segunda-feira, que os portugueses na República Centro-Africana estão bem, apesar de duas das suas casas terem sido pilhadas na sequência da tomada do poder no país pelos rebeldes.
Corpo do artigo
"Sabemos que há cerca de três dezenas de portugueses naquele país. As suas casas estão devidamente referenciadas pelo cônsul honorário [de Portugal}. Tanto quanto sabíamos até algumas horas não havia feridos entre a comunidade, embora tivesse havido dois casos [de portugueses] que foram alvo de assaltos e pilhagens", disse José Cesário à agência Lusa.
O titular da pasta da Emigração adiantou que os portugueses "estão devidamente informados acerca da situação" no país e que alguns deles admitem sair "no caso de haver uma situação extrema".
José Cesário explicou que o plano de retirada dos portugueses é da responsabilidade do Governo francês, ao abrigo da cooperação diplomática entre países da União Europeia.
"Estamos em contacto com o Governo francês desde que a situação se começou a degradar, na sexta-feira, e até ao momento não fomos informados que esse plano tenha sido acionado, mas esta é uma situação avaliada ao minuto no terreno, por eles [franceses], até porque têm uma força militar lá estacionada", disse.
José Cesário disse ainda que os portugueses residentes na Republica Centro-Africana são sobretudo quadros de empresas ali radicados há alguns anos, adiantando que entre eles se conta o piloto do avião do presidente deposto.
A capital da República Centro-Africana, Bangui, foi tomada no domingo pelos rebeldes depois de uma ofensiva de três dias lançada pela coligação Séléka para derrubar o presidente François Bozizé, a quem acusam de não respeitar os acordos assinados no início do ano.
O presidente centro-africano deposto, que no domingo fugiu do país depois de os rebeldes terem tomado a capital, está nos Camarões, anunciou ha presidência camaronesa num comunicado lido na rádio nacional, esta segunda-feira.
"Na sequência dos recentes acontecimentos na República Centro-Africana, o presidente François Bozizé refugiou-se nos Camarões, de onde espera partir para outro país de acolhimento", refere o comunicado, sem precisar o local onde o presidente deposto se encontra.
O líder dos rebeldes, Michel Djotodia, autoproclamou-se presidente do país, prometendo que irá respeitar os acordos de paz assinados em janeiro em Libreville.
Após ter assinado os acordos de Libreville, a coligação rebelde aceitou a 6 de fevereiro participar num Governo de transição de unidade nacional.
Os acordos previam um cessar-fogo, a permanência do presidente François Bozizé até ao final do seu mandato em 2016, a organização de eleições legislativas após um período de transição de 12 meses e a retirada de todas as forças militares estrangeiras da República Centro-africana, à exceção das Forças Africanas de Interposição (FOMAC).