O chefe do Governo regional da Catalunha, Carles Puigdemont, faz, esta noite de quarta-feira, uma declaração institucional, 24 horas depois de o rei de Espanha, Felipe IV, o ter acusado de "deslealdade" e de ter uma "conduta irresponsável" e à margem da democracia.
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Desde o referendo de autodeterminação de domingo, considerado ilegal pelo Estado espanhol, que Madrid e Barcelona aumentam o nível de acusações e a rota de colisão final pode ser precipitada no caso de Puigdemont revelar, hoje às 21 horas (20 horas em Portugal continental), a data em que pretende declarar a independência da Catalunha.
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Carles Puigdemont, declarou na terça-feira à britânica BBC que iria declarar a independência daquela região "numa questão de dias", tendo calculado que "vai agir no final desta semana ou no início da próxima".
A coligação catalã Junts pel Sí, que sustenta a Generalitat (Governo regional), numa reunião esta manhã de líderes no parlamento da região, propôs para a próxima segunda-feira a realização de uma sessão plenária com um único assunto na ordem do dia: a presença de Puigdemont para fazer uma avaliação do referendo de domingo.
Entretanto a presidente da bancada da Candidatura de Unidade Popular, de extrema-esquerda separatista, que dá o apoio parlamentar precioso a Carles Puigdemont acrescentou que segunda-feira é para "declarar a independência da Catalunha", uma notícia que ainda não foi confirmada.
Segundo os resultados provisórios, o "sim" à independência ganhou com 90% dos votos da consulta que não teve observadores ou listas eleitorais reconhecidas por entidades independentes.
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Entusiasmado pelo resultado da consulta em que votaram apenas 42% dos eleitores, visto ter sido boicotado pelos unionistas e por uma greve geral e manifestações na segunda-feira com cerca de 700 mil pessoas contra a violência policial na Catalunha, espera-se que Puigdemont esclareça qual vai ser o próximo passo dos separatistas depois das palavras duras de Felipe VI de terça-feira.
"Com a sua conduta irresponsável, eles [as autoridades catalãs] podem mesmo colocar em perigo a estabilidade da Catalunha e de toda a Espanha", sublinhou Felipe VI na mensagem solene a partir do Palácio Real da Zarzuela, nos arredores de Madrid.
O rei advertiu que, perante a situação "de extrema gravidade" na Catalunha, os "legítimos poderes do Estado" devem assegurar "a ordem constitucional", a continuação do Estado de direito e o autogoverno da Catalunha baseado na Constituição de Espanha e no seu Estatuto de Autonomia.