A China negou, esta segunda-feira, que tenha fornecido armas à Líbia, admitindo, no entanto, contactos de Tripoli nesse sentido. Um jornal canadiano noticiou que empresas estatais chinesas terão oferecido grandes quantidades de armas ao coronel líbio.
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"As empresas chinesas não forneceram equipamento militar para a Líbia, directa ou indirectamente", disse em Pequim a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Jiang Yu, ao ser questionada sobre notícias de um jornal canadiano sobre alegados fornecimentos de armamento às forças leais a Muammar Kadafi.
Jiang Yu admitiu que "em Julho, o governo de Kadafi enviou alguém à China, sem o conhecimento do governo chinês, para fazer contactos com membros de empresas interessadas", salientando que "as empresas chinesas não assinaram um contrato comercial e não exportaram equipamentos militares para a Líbia".
O jornal canadiano "The Globe and Mail" noticiou, no domingo, que empresas estatais chinesas terão oferecido grandes quantidades de armas e munições ao coronel líbio nas semanas anteriores à tomada de Tripoli pelos rebeldes.
De acordo com o jornal, essa informação provém de documentos do regime líbio escritos em árabe e encontrados pelo jornalista canadiano Graeme Smith no bairro de Bab Akkarah, em Tripoli, onde viviam muitos oficiais do regime, e que, segundo os rebeldes, são autênticos.
Esses documentos revelam que empresas chinesas de armamento controladas pelo Estado dispuseram-se a vender várias armas e munições ao regime de Kadafi por cerca de 200 milhões de dólares (150 milhões de euros), apesar das sanções da ONU, diz ainda o "The Globe and Mail".
O armamento chegaria à Líbia através de países como a Argélia ou África do Sul, mas o jornal canadiano não confirma se as armas chegaram de facto às mãos das forças do regime.
Por outro lado, esses documentos incluem um texto de oficiais de segurança do regime líbio sobre uma "viagem de negócios" a Pequim a 16 de Julho.
"Temos fortes evidências das ligações entre a China e Kadafi e temos todos os documentos para o provar", disse Abdulrahman Busin, um porta-voz dos rebeldes em declarações ao jornal "The New York Times".
A China, membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, não reconheceu ainda oficialmente o Conselho Nacional de Transição (CNT), órgão político dos rebeldes, mas disse "respeitar o seu papel importante na Líbia", manifestando-se "disponível para manter contactos estreitos a fim de promover as relações de amizade entre os dois países".