D. Pedro, que só de forma efémera foi rei de Portugal, fez-se brasileiro na juventude
Pedro de Alcântara tinha nove anos quando em 1807 viajou com a família e a Corte para o Brasil. Desde 1801, devido à morte precoce do irmão mais velho, Francisco António era segundo na linha de sucessão da coroa portuguesa, a seguir ao pai, D. João.
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Poucas recordações guardou de Portugal, onde só regressaria em 1832, como duque de Bragança, depois de abdicar do título de imperador do Brasil (já antes abdicara de ser rei de Portugal, quarto do nome, posição que ocupou por menos de dois meses). Fez-se brasileiro sem dificuldade.
Em fevereiro de 1821 começou a ter parte ativa nas reuniões de governo junto a D. João VI, e pouco depois, em abril, o pai nomeou-o regente, quando a revolução liberal portuguesa (e os conselhos ingleses) o fizeram regressar a Lisboa.
Partidário do liberalismo, D. Pedro abominava o programa vintista. Para ele, a Constituição era algo que o monarca devia outorgar à nação (como ele viria a fazer em 1826). Daí que o repugnassem as medidas, decididas em Lisboa, que retiravam peso ao território e poder à regência. Inicialmente fiel à coroa de que era herdeiro, foi tendo uma posição ambígua, anunciando que regressaria de vez a Portugal e acompanhando os processos conspirativos. Vendo-o como único garante da unidade do Brasil, os independentistas pressionaram-no e, em 9 de janeiro de 1822, o príncipe respondeu: "Como é para bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto. Diga ao povo que fico".
"Independência ou morte", o grito dado em 7 de setembro de 1822 (data escolhida pela posteridade para o nascimento do Brasil) foi reação a medidas ainda mais restritivas tomadas em Lisboa, designadamente o fim da regência. Lançados os dados, seria aclamado no dia em que fez 34 anos, 12 de outubro de 1822.
Portugal viria a reconhecer o Brasil independente em 1825.