Os funcionários responsáveis pelos gabinetes de defesa dos direitos humanos do ministério da Justiça do Peru renunciaram aos cargos na sequência do indulto concedido ao ex-presidente Alberto Fujimori.
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O indulto, decretado pelo presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, implicou a demissão do diretor-geral de direitos humanos do ministério da Justiça, Roger Rodríguez, referiu esta terça-feira o diário "La República".
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Em paralelo, também optaram por renunciar aos cargos o secretário técnico da Comissão multissetorial de alto nível sobre paz, compensação e reconciliação (CMAN), Daniel Sánchez, e a responsável pelo programa de Reparações simbólicas dessa comissão, Katherine Valenzuela.
Na carta de renúncia, reproduzida pelo diário, Rodríguez, que integrou a Comissão de indutos presidenciais que recomendou a rejeição do indulto a Fujimori em 2013, denunciou a "manipulação da realidade", enquanto Sánchez assegurou que na sequência da decisão presidencial "é insustentável permanecer na instituição (...) e representar um gabinete que dialoga permanentemente com as vítimas".
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Milhares de peruanos saíram às ruas de Lima na noite de Natal para protestar contra o indulto concedido a Fujimori, que cumpria uma condenação de 25 anos de prisão por violações dos direitos humanos.
Os manifestantes, entre os quais familiares das vítimas das mortes por que Fujimori foi condenado, concentraram-se na praça central de San Martín para denunciar o indulto como um ato de impunidade.
Os familiares dos assassinados e desaparecidos anunciaram que irão recorrer a instâncias internacionais para anular o indulto e exigir que Fujimori, de 79 anos, cumpra a totalidade da pena a que foi condenado.
Na manifestação eram visíveis cartazes que qualificavam o indulto como um "insulto" e o presidente, Pedro Pablo Kuczynski, que concedeu o perdão, como um "traidor" e "cúmplice do criminoso".
Fujimori, presidente do Peru entre 1990 e 2000, foi condenado em 2009 a 25 anos de prisão após ser responsabilizado pelas mortes de 25 pessoas em 1991 e 1992 perpetradas pelo grupo militar encoberto Colina, e pelo sequestro agravado de um jornalista e um empresário em 1992.