A presidente brasileira com mandato suspenso, Dilma Rousseff, afirmou que não dará a renúncia de presente aos seus inimigos políticos no processo de destituição.
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Questionada sobre a possibilidade de renunciar antes de ser julgada pelo Senado (câmara alta parlamentar), Dilma Rousseff frisou que não tinha a menor intenção de o fazer.
"Não dou esse presente a eles [adversários políticos]. Jamais vou jogar a toalha", disse, em entrevista transmitida pelo canal SBT.
A presidente com mandato suspenso reafirmou que é vítima de um julgamento fraudulento e que houve uma campanha liderada por membros da oposição para motivar a sua destituição, cujo objetivo foi desconstruir a sua imagem e eleger um novo Governo de forma indireta.
Dilma Rousseff alegou que o atraso na transferência de verbas para os bancos públicos e a assinatura de decretos não numerados, os dois argumentos usados no processo de destituição, foram atos também praticados pelos seus antecessores Fernando Henrique Cardoso e de Luiz Inácio Lula da Silva, mas que somente agora são considerados crime.
"Ou é crime para todo mundo ou não é para ninguém", salientou.
Dilma Rousseff voltou igualmente a acusar o presidente interino Michel Temer de traição, afirmando que ele "não foi eleito para fazer o que está fazendo". "Foi eleito com o meu programa de Governo", frisou.
Relativamente aos escândalos de corrupção praticados no Brasil durante o seu Governo, negou qualquer envolvimento. "Não tenho responsabilidade nenhuma se um funcionário da Petrobras resolveu ser corrupto", declarou.
Dilma Rousseff é acusada de ter cometido crime de responsabilidade ao praticar manobras fiscais com o objetivo de melhorar as contas públicas e assinar decretos a autorizar despesas que não estavam previstas no orçamento.
O seu julgamento terá início na próxima quinta-feira às 09:00 horas (13:00 em Lisboa) e não existe um prazo determinado para finalizar.
Se se confirmar o "impeachment" de Dilma Rousseff, será o primeiro da história do Brasil em que o Presidente lutou até ao fim. Em 1992, o "impeachment" de Fernando Collor de Mello foi concluído apesar de, horas antes do julgamento final, ele ter renunciado ao cargo.