Embaixadora da Palestina em Portugal diz que reconhecimento é mensagem para Israel
A embaixadora da Palestina em Lisboa, Rawan Sulaiman, considerou que o reconhecimento do Estado palestiniano por Portugal e outros países é "uma mensagem clara" enviada ao Governo israelita sobre os direitos dos palestinianos.
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"O reconhecimento é o primeiro passo prático para enviar uma mensagem de que temos direito à vida, à existência, a ter o nosso próprio Estado, à autodeterminação", afirmou a diplomata numa conferência de imprensa realizada esta segunda-feira na embaixada da Palestina, em Lisboa.
"Também é uma mensagem para o atual Governo israelita, que anunciou ontem [no domingo] que fará todos os possíveis" para que "o Estado Palestiniano nunca exista", disse Rawan Sulaiman.
Mas, frisou a representante, "uma coisa é o que ele, [o primeiro-ministro israelita, Benjamin] Netanyahu, diz" porque "a comunidade internacional diz o oposto", congratulando-se com o passo assumido por vários países.
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Numa declaração inicial, Rawan Sulaiman reiterou que o reconhecimento do Estado palestiniano por Portugal é um "passo corajoso" para garantir o respeito e implementação do direito internacional, incluindo de autodeterminação das nações.
A diplomata sublinhou que o gesto de Portugal "não é simbólico", mas sim uma forma de dizer ao mundo que "o povo palestiniano tem o direito de existir e de viver como todos os outros povos do mundo".
Portugal, Reino Unido, Canadá e Austrália reconheceram formalmente no domingo o Estado da Palestina, na véspera da Conferência para a Solução de Dois Estados (Israel e Palestina), marcada para hoje na sede da ONU, na qual vários países vão oficializar o reconhecimento do Estado palestiniano.
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Questionada sobre a condição imposta por alguns Estados de só reconhecer aquele Estado se o movimento islamita Hamas for afastado do poder, a embaixadora garantiu que o programa político da Autoridade Nacional Palestiniana não contará com quem não respeite a paz.
"O nosso programa político assenta na solução de dois Estados, com justiça e paz para todos, e na plena implementação do direito internacional. Por isso, não haverá lugar para ninguém que se afaste desta realidade política", afirmou, sem referir o Hamas.
No domingo, o grupo islamita, que assumiu o poder na Faixa de Gaza em 2007, afirmou que o reconhecimento do Estado representa "uma vitória" para os direitos dos palestinianos.
Quase 150 países já reconheceram o Estado palestiniano em todo o mundo.