
EUA insistem nas ligações de Maduro ao tráfico de droga
Foto: AFP
O Tesouro dos EUA impôs na quinta-feira novas sanções contra três familiares do líder venezuelano Nicolas Maduro, bem como contra seis empresas que transportam o petróleo do país sul-americano.
A medida foi tomada no momento em que a Casa Branca disse que vai levar um petroleiro apreendido pelas forças americanas ao largo da costa venezuelana para um porto nos EUA, aumentando os receios de um conflito aberto entre os dois países. Washington assumiu o controlo do petroleiro num ataque dramático, com as forças dos EUA a descerem de um helicóptero para o navio, numa operação que a secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, disse ter como objetivo o "regime" de Maduro.
As autoridades do Tesouro disseram que três sobrinhos da mulher de Maduro, Cilia Flores, seriam alvo de sanções, rotulando dois dos homens como "narcotraficantes que operam na Venezuela".
"Nicolas Maduro e os seus associados criminosos na Venezuela estão a inundar os EUA com drogas que estão a envenenar o povo americano", disse o secretário do Tesouro Scott Bessent. O governo de Donald Trump tem pressionado a Venezuela há meses com um grande aumento naval na região, acompanhado por ataques a supostos barcos de tráfico de drogas que mataram cerca de 90 pessoas.
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Na quinta-feira, o líder russo, Vladimir Putin, manifestou o apoio durante uma chamada telefónica com o aliado Maduro, mas com as forças de Moscovo empenhadas numa guerra na Ucrânia, a capacidade de prestar ajuda é limitada.
"O navio irá para um porto norte-americano e os Estados Unidos tencionam apoderar-se do petróleo", disse a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, aos jornalistas sobre o petroleiro.
"Não vamos ficar parados a ver navios sancionados a navegar pelos mares com petróleo do mercado negro, cujos lucros vão alimentar o narcoterrorismo de regimes desonestos e ilegítimos em todo o mundo".
Na quinta-feira, Noem disse numa audiência no Congresso que a operação do navio-tanque estava "a travar um regime" que inunda o país "com drogas mortais" - uma referência às alegações dos EUA de contrabando de narcóticos pelo governo de Maduro.
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Um vídeo divulgado na quarta-feira pela procuradora-geral dos EUA, Pam Bondi, mostrava forças americanas a descer de um helicóptero para o convés do navio-tanque e depois a entrar na ponte do navio com armas levantadas.
Bondi disse que o navio fazia parte de uma "rede ilícita de transporte de petróleo" que era usada para transportar petróleo sancionado.
"Roubo flagrante"

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Venezuela disse que "denuncia e condena veementemente o que constitui um roubo flagrante e um ato de pirataria internacional".
"Raptaram a tripulação, roubaram o navio e inauguraram uma nova era, a era da pirataria naval criminosa nas Caraíbas", disse Maduro num evento presidencial na quinta-feira, acrescentando: "A Venezuela vai proteger todos os navios para garantir o livre comércio do seu petróleo em todo o mundo".
O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, manifestou na quinta-feira a sua preocupação com a escalada das tensões e apelou à contenção. "Apelamos a todos os intervenientes para que se abstenham de ações que possam agravar ainda mais as tensões bilaterais e desestabilizar a Venezuela e a região", disse o seu porta-voz.
Os meios de comunicação social norte-americanos informaram que o petroleiro se dirigia para Cuba - outro rival norte-americano - e que o navio foi parado pela Guarda Costeira dos EUA.
Dick Durbin, o principal democrata do Comité Judicial do Senado, disse na quinta-feira que questionava a legalidade da apreensão do petroleiro e que "qualquer presidente, antes de se envolver num ato de guerra, tem de ter a autorização do povo americano através do Congresso".
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"Este presidente está a preparar-se para uma invasão da Venezuela. E se o povo americano for a favor disso, eu ficaria surpreso", disse Durbin à CNN.
Washington acusou Maduro de liderar o suposto "Cartel dos Sóis", que declarou uma organização "narcoterrorista" no mês passado, e ofereceu uma recompensa milhões de euros, pela sua captura. Trump disse ao "Politico" na segunda-feira que os "dias de Maduro estão contados" e recusou-se a descartar uma invasão terrestre dos EUA na Venezuela.
A administração Trump alega que o poder de Maduro é ilegítimo e que roubou as eleições de julho de 2024 na Venezuela.
Maduro - o herdeiro político do líder esquerdista Hugo Chávez - diz que os Estados Unidos estão empenhados numa mudança de regime e querem apoderar-se das reservas de petróleo da Venezuela.
