O Governo francês admite instaurar o estado de emergência para restabelecer a "ordem republicana" após a vaga de protestos dos últimos dias, desencadeadas pela morte de um adolescente baleado pela polícia em Nanterre.
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Fonte do Palácio do Eliseu, sede da Presidência francesa, afirmou que o presidente, Emmanuel Macron, está pronto para adaptar o dispositivo policial "sem tabus" após a terceira noite de violência, não pondo de parte, também, a instauração do estado de emergência.
"A oposição conservadora apelou a esta medida de exceção, que implica dar mais poder às forças de segurança e restringir as liberdades, como forma de fazer face à escalada dos tumultos que, só na noite de quinta-feira para hoje, resultaram em mais de 660 detenções e quase 250 polícias e gendarmes feridos", segundo dados do Ministério do Interior.
A última vez que a França declarou o estado de emergência foi em novembro de 2015, na sequência dos atentados jiadistas em Paris. Inicialmente, o governo pode aprová-lo por um período de 12 dias, renovável se o parlamento o considerar necessário.
A primeira-ministra francesa, Élisabeth Borne, que visitou uma esquadra de polícia em Évry-Courcouronnes com o ministro do Interior, Gérald Darmanin, prometeu que o governo iria estudar "a melhor resposta" à atual escalada, numa reunião interministerial de emergência convocada pelo presidente Emmanuel Macron.
Atos "insuportáveis e indesculpáveis"
O chefe de Estado gaulês, regressou a Paris antes do final da cimeira europeia, em Bruxelas, e ao início da tarde preside a uma nova unidade de crise interministerial.
Segundo a fonte do Palácio do Eliseu, Macron espera que Borne e Darmanin, lhe "apresentem propostas para desenvolver e adaptar" o dispositivo policial, "sem tabus".
Esta manhã, Borne reuniu-se com vários dos ministros e considerou que os protestos, desencadeados na sequência da morte de um jovem de 17 anos pela polícia e que já vão na terceira noite, são "insuportáveis e indesculpáveis".
"Os atos cometidos são insuportáveis e indesculpáveis", considerou a líder francesa que estava rodeada pelos ministros do Interior, Justiça, Transição Ecológica e Territórios e Habitação e Cidades.