Os serviços secretos franceses transmitiram à Agência Nacional de Segurança norte-americana dados sobre comunicações em França, ao abrigo de acordos de cooperação, noticiou, esta quarta-feira, o jornal gaulês "Le Monde" confirmando declarações do diretor da NSA, na terça-feira, no Congresso.
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Ouvido na comissão parlamentar sobre serviços de informações, o general Keith Alexander afirmou que as notícias dos jornais francês Le Monde, espanhol El Mundo e italiano L'Espresso sobre a interceção de milhões de comunicações de europeus pela NSA são "completamente falsas" e que tais dados foram "fornecidos à NSA" por esses parceiros europeus.
Horas antes, o diário norte-americano The Wall Street Journal noticiou, citando fontes não identificadas, que os 70,3 milhões de dados telefónicos recolhidos em França entre dezembro de 2012 e janeiro de 2013 foram entregues pelos serviços de informações franceses ao abrigo de um acordo de cooperação entre os dois países.
Hoje, o Le Monde noticiou, citando "um alto responsável da comunidade de informações em França", que a Direção de Segurança Externa de França (DGSE) concluiu, entre finais de 2011 e princípios de 2012, um protocolo de troca de dados com os Estados Unidos.
Segundo o jornal, a DGSE interceta e armazena informações sobre as comunicações com entrada ou saída do território francês através de cabos submarinos e transfere uma parte delas ao abrigo desse acordo.
Os dados transmitidos aos Estados Unidos não são selecionados previamente e abrangem comunicações dentro de França, entre pessoas em França e outras no estrangeiro e entre pessoas no estrangeiro.
Pelos cabos submarinos que entram em França por Marselha (sudeste) e pela Bretanha (noroeste) passam comunicações provenientes de zonas consideradas sensíveis em matéria de segurança como África e o Afeganistão.
Segundo o Le Monde, é "pouco provável" que o Governo francês não tenha conhecimento deste intercâmbio de informações entre a DGSE e a NSA, o que "relativiza a sinceridade" dos protestos oficiais das autoridades francesas pela espionagem norte-americana e suscita questões sobre "a responsabilidade das autoridades francesas".
A DGSE não quis reagir oficialmente às informações, mas a fonte citada pelo jornal francês negou "categoricamente" que os dados trocados possam ser da dimensão dos 70,3 milhões de comunicações intercetadas num mês.