A cerca de dois meses de a Bélgica assumir a Presidência da União Europeia, o Governo belga apresentou a sua demissão, mergulhando o país em mais uma crise política interna. Rei Alberto II adia decisão ao pedido do Executivo.
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Apresentado pelo primeiro-ministro Yves Leterme, de 49 anos, o pedido de demissão foi motivado pelo crescente conflito linguístico entre francófonos e flamengos, sendo que os segundos optaram por desistir da actual coligação política. “Perdemos a confiança no Governo”, disse o presidente do partido Open VLD, Alexander De Croo. Na realidade, Leterme soube da decisão de Croo, que levaria ao actual caos político, enquanto jogava ténis.
“Não havia outra saída senão a demissão do Governo”, declarou, por sua vez, o ministro belga das Finanças, Didier Reynder, citado pela agência Lusa. O responsável apelou ainda a todas as forças políticas para que colaborem no sentido de “evitar que o país se afunde na crise”, cita a agência France Presse.
Contudo, a demissão pode ou não ser aprovada pelo rei Alberto II, que optou por adiar a sua decisão. “Nas circunstâncias actuais, uma crise política seria inoportuna e acarretaria graves prejuízos. Por um lado, para o bem-estar económico e social dos cidadãos. Por outro, para o papel da Bélgica no plano Europeu”, lê-se no comunicado da Casa Real.
Note-se que a actual presidência espanhola da União Europeia deverá, no próximo dia 1 de Julho, ser substituída pela liderança belga, o que torna toda a crise política interna ainda mais delicada.
A grande causa da instabilidade socio-política da Bélgica – quem tem 10,5 milhões de habitantes – nota-se, sobretudo, nos arredores de Bruxelas, onde a maioria dos habitantes é flamenga e, portanto, tem as suas exigências. A autonomia da região é uma delas.
Histórico de instabilidade
Desde as eleições de 2007, Leterme renunciou cinco vezes ao cargo de primeiro-ministro. Só passados nove meses conseguiu firmar uma coligação.
Em meados de 2008, o rei Alberto II rejeitou um pedido de demissão de Leterme motivado pelo conflito linguístico.
No final de 2008, Leterme volta a resignar, temporariamente, devido a um alegado envolvimento num escândalo com o Banco Fortis.
Em 2009, Leterme volta a assumir o cargo de primeiro-ministro, substituindo Herman Van Rompuy, que, por sua vez, foi assumir a Presidência do Conselho Europeu.