Portugal procura alternativa para os 25 mil passageiros retidos nos aeroportos nacionais, CP anuncia desdobramento ao Sud-Express e a União Europeia analisa hoje consequência do cancelamento de milhares de voos. São os efeitos da erupção vulcânica na Islândia.
Corpo do artigo
O ministro dos Transportes portugês, António Mendonça, anunciou ontem que foram criados centros de atendimento nos três aeroportos nacionais e reforçados os meios de informação e assegurou que está a ser procurada alternativa (nomeadamente com recurso ao transporte ferroviário e rodoviário) para os 25 mil passageiros ainda retidos nos aeroportos nacionais por força das perturbações causadas à navegação aérea pela nuvem de cinzas expelida pelo vulcão islandês, que se alastrou pelos céus de metade da Europa.
Cardoso Reis, da CP, disse que a procura do transporte ferroviário aumentou de tal forma que a lotação do Sud-Express de Lisboa para Hendaye está esgotada até dia 28. O comboio expresso para Madrid também está com a lotação esgotada até quinta-feira.
O regresso à normalidade?
Ontem, foram cancelados mais de 20 mil voos no espaço europeu, alargando para cerca de 63 mil o total de ligações aéreas anuladas afectando 6,8 milhões de passageiros desde a erupção do vulcão Eyjafjalla, na passada quinta-feira.
Todavia, aos poucos, a normalidade parece regressar à Europa. Espanha já reabriu todos os aeroportos e França e Alemanha liberaram parte dos respectivos espaços aéreos. Hoje, espera-se que a maioria dos países atenue as restrições de circulação, tanto mais que os voos de teste sem passageiros executados por algumas companhias para detectar problemas decorreram sem qualquer tipo de incidentes.
Segundo o posto de observação suíço Payerne, a nuvem de cinzas vulcânicas oriundas da Islândia desceu 2000 metros na madrugada de ontem, tornando-se menos densa. "A nuvem está a começar a dissipar-se", garantiu o especialista Bertrand Calpini .
UE estuda ajudas e alternativa
A Presidência espanhola da UE convocou, para hoje, uma reunião extraordinária de ministros dos Transportes europeus, que decorrerá por videoconferência, para analisar os efeitos da paralisação do tráfego aéreo no continente.
"A nuvem de cinzas vulcânicas criou uma situação sem precedentes", justificou Durão Barroso, acrescentando que há que "responder às consequências económicas", como se fez para o 11 de Setembro.
Entretanto, a Comissão Europeia já criou uma "task force" para "avaliar o impacto da situação criada pela nuvem de cinzas vulcânicas na indústria de transporte aéreo e na economia em geral". A equipa irá também estudar alternativa e ajudas económicas a atribuir às companhias aéreas.
Segundo as últimas estimativas da Associação Internacional de Transporte Aéreo, o cancelamento dos voos está a causar um prejuízo diário às transportadoras de 147 milhões de euros, antecipando-se perdas superiores às provocadas pelo 11 de Setembro.
O presidente da TAP, Fernando Pinto, escusou-se a fazer contas aos prejuízos sofridos pela transportadora nacional, mas adiantou que serão "na faixa dos milhões" e que a "indústria terá prejuízos recorde".