Centenas de manifestantes independentistas catalães romperam esta terça-feira os cordões policiais em torno do Parlamento regional catalão e manifestaram-se frente ao edifício, onde na tarde desta terça-feira se deveria ter realizado o plenário para votar a investidura de Carles Puigdemont.
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De acordo com a agência de notícias oficial espanhola EFE, os manifestantes partiram os cadeados de alguns portões de acesso ao Parque da Cidadela, em Barcelona, no centro do qual fica o edifício do Parlamento regional catalão. Também romperam os cordões de segurança montados pelos Mossos d'Esquadra (a polícia regional catalã) para se poderem manifestar - com bandeiras independentistas, cartazes com palavras de ordem e máscaras com a cara de Puigdemont - em frente à assembleia catalã.
Ainda assim, em torno do Parlamento foi montado um perímetro de cercas policiais, que impedem o acesso de manifestantes ao edifício.
A manifestação tinha sido convocada pela Assembleia Nacional Catalã (ANC) e outras organizações independentistas, mas para o Passeio Lluís Companys, nos arredores do Parque onde fica o Parlamento. A ideia seria seguir - através de ecrãs gigantes - o plenário previsto para as 15:00 de hoje (menos uma hora em Lisboa) para começar a debater e votar a investidura de Carles Puigdemont.
Puigdemont foi o segundo mais votado nas eleições autonómicas de 21 de dezembro, mas é, neste momento, o único nome proposto à votação de investidura, uma vez que os deputados independentistas são maioritários na câmara (unindo os assentos da Esquerra Republicana Catalana, a Junts per Catalunya e a Candidatura Unitária Popular).
No entanto, o presidente do parlamento, Roger Torrent (ERC), decidiu adiar esta terça-feira a realização do plenário.
Descontentes face à decisão, vários deputados do Junts per Catalunya (JxCat) (a plataforma de Puigdemont) e da CUP abandonaram o Parlamento, dirigindo-se aos manifestantes independentistas no Passeio Lluís Companys para apoiar as suas reivindicações no sentido de a investidura se realizar esta terça-feira.
Perto das 16.15 horas (15.15 em Portugal continental), alguns manifestantes arrombaram os cadeados dos acesos ao parque e entraram no recinto, sem que os agentes dos Mossos d'Esquadra presentes tenham conseguido impedi-los.
"O povo manda, o governo obedece", "Fora com as forças de ocupação", "As ruas serão sempre nossas", "Puigdemont, o nosso presidente" e "Libertem os presos políticos" foram algumas das palavras de ordem dos manifestantes. Também se ouviram gritos de "Se não houver investidura, entraremos no Parlamento" e "Roger Torrent, regressa ao Parlamento".
Na sua comunicação na manhã desta terça-feira, Torrent explicou que adiaria o plenário até que este se possa realizar "com todas as garantias" e sem pressões. Sublinhou que mantém Puigdemont como o único candidato a Presidente regional.
Carles Puigdemont encontra-se fugido da justiça espanhola, em Bruxelas, desde que foi acusado de "rebelião, sedição e peculato" (uso fraudulento de dinheiros públicos) na sequência de uma declaração unilateral de independência da Catalunha. Caso regresse a Espanha será detido, indicaram as autoridades.
Por isso mesmo, Puigdemont manifestou vontade de ser investido à distância, estando "presente" na sessão através de Skype, ou delegando noutro deputado a responsabilidade de estar presente e ler o seu discurso. O Tribunal Constitucional de Espanha, sedeado em Madrid, emitiu uma nota no sábado na qual decidia que Puigdemont não poderia ser eleito presidente da Generalitat (governo regional catalão) nessas condições.