Os inspetores da ONU na Síria recolheram dados "consideráveis" sobre o alegado ataque químico contra civis na periferia de Damasco, e vão fazê-las chegar quanto antes ao secretário-geral da organização, afirmou, esta quinta-feira, um porta-voz das Nações Unidas.
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Numa altura em que os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU continuam a discutir um projeto de resolução britânico a justificar uma intervenção militar na Síria, os peritos da ONU recolheram várias amostras no terreno, que serão enviadas para laboratórios europeus, podendo a sua análise levar mais de uma semana, precisou o porta-voz da ONU, Farhan Haq, em declarações a jornalistas.
Os inspetores "dispõem de dados consideráveis", disse o mesmo responsável, explicando que os dados recolhidos baseiam-se "não só em amostras [físicas], mas também em entrevistas feitas a testemunhas", o que vai permitir construir "uma narrativa baseada em factos" para assim tentar perceber o que aconteceu.
A informação avançada pelo porta-voz da ONU surge uma semana depois de cerca de 1.300 civis terem sido mortos alegadamente num ataque com armas químicas, na periferia Damasco, a 21 de agosto, que tem sido atribuído ao regime do Presidente Bashar al-Assad.
De acordo com Farhan Haq, os inspetores "vão fazer um relatório oral" ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, assim que deixarem a Síria, o que deverá acontecer no sábado.
Alguns inspetores vão também "acompanhar" as amostras de sangue, urina e cabelo recolhidas no terreno - e que vão ser enviadas para laboratórios em toda a Europa - de forma a garantir que estas permanecem sob custódia da ONU, precisou.
Os peritos vão ainda "esperar pela conclusão das análises", algo que "pode durar vários dias", explicou Farhan Haq.
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, interrompeu uma viagem à Europa para regressar ainda hoje a Nova Iorque devido a situação na Síria.
"A partir de amanhã [sexta-feira, Ban Ki-moon] vai falar com o estados-membros [da ONU] e tentar fazer avançar as discussões sobre os que se passa na Síria", disse o porta-voz.
Ban Ki-moon fez um apelo às grandes potências para que os inspetores sejam autorizados a concluir o seu trabalho antes de serem tomadas quaisquer decisões.
Os inspetores da ONU, que estão na Síria desde 18 de agosto, ainda não divulgaram uma avaliação oficial sobre se foram ou não utilizadas armas químicas.
Os Estados Unidos, o Reino Unido e a França têm vindo a considerar necessária uma intervenção militar, Moscovo e Pequim continuam a rejeitar uma ação contra Damasco.