O primeiro-ministro britânico, David Cameron, disse esta quinta-feira, no Parlamento, estar convencido que o regime sírio é responsável pelo ataque com armas químicas de 21 de agosto. Cameron admite, porém, que não há "100% de certeza".
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"Não há 100% de certeza quanto à responsabilidade", mas "é preciso tomar uma decisão", disse David Cameron, no início de uma sessão parlamentar convocada com urgência para que os deputados pudessem votar sobre o "princípio" de uma intervenção militar na Síria, como resposta a um alegado ataque com armas químicas.
Uma intervenção militar na Síria "não seria uma invasão, nem tomar partido ou mudar o regime", mas "uma resposta a um crime de guerra", o uso de armas químicas, defendeu Cameron.
A moção governamental apresentada por Cameron, na Câmara dos Comuns, condena "o uso de armas químicas na Síria a 21 de agosto de 2013 pelo regime de (Bashar al-) Assad" e defende que "é necessária uma resposta humanitária forte da parte da comunidade internacional, envolvendo, se for preciso, uma ação militar legal, proporcionada e destinada a salvar vidas ao impedir um recurso no futuro a armas químicas na Síria".
A votação está prevista para a noite desta quinta-feira, mas para o lançamento efetivo de uma operação militar, a moção prevê que seja necessária uma segunda votação depois de conhecidos os resultados da missão de inspetores da ONU, que está na Síria desde o início da semana.
Os trabalhistas têm dito que votarão contra uma intervenção militar sem serem conhecidas as conclusões dos peritos da ONU.
O líder da oposição trabalhista, Ed Miliband, "determinado a tirar consequências do passado, nomeadamente no Iraque", disse, antes do início do debate, que a Câmara dos Comuns "não pode passar um cheque em branco ao primeiro-ministro para uma intervenção militar" e pediu "provas convincentes" da responsabilidade do regime de Assad.
O próprio Cameron afirmou que se tiraram "ilações de conflitos anteriores (...), nomeadamente do que correu mal no Iraque em 2003", mas sublinhou que a diferença é que "agora não há dúvidas de que foram usadas armas químicas".
O primeiro-ministro britânico disse ainda que, há 10 anos, o atual presidente norte-americano, Barack Obama, se opôs ao ataque ao Iraque e agora "está profundamente convicto que foi ultrapassada uma linha vermelha e apoia a ação".
O mesmo afirmou em relação à Liga Árabe que, em 2003, foi contra uma intervenção militar e agora pediu ao Conselho de Segurança da ONU para superar as divergências entre os seus membros e aprovar medidas de dissuasão contra o regime de Assad.
O Reino Unido apresentou na quarta-feira uma resolução no Conselho de Segurança para obter a aprovação da ONU para uma intervenção, mas os vetos da Rússia e da China podem travar a iniciativa.
A guerra civil na Síria dura há mais de dois anos e já provocou mais de 100 mil mortos, segundo números da ONU.