O Iraque elege hoje, domingo, um novo Parlamento, num escrutínio considerado decisivo para que o país assuma a sua soberania e a responsabilidade pela sua segurança.
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Sete anos depois da invasão anglo-norte-americana que depôs Saddam Hussein, cerca de 19 milhões de eleitores vão eleger 325 deputados através de um sistema de listas abertas contendo os nomes dos candidatos propostos pelos partidos ou alianças políticas.
Cada uma das 18 províncias é um círculo eleitoral, a que corresponde um número de deputados proporcional à população.
Estas são as segundas eleições legislativas para um mandato parlamentar completo desde a invasão de 2003. As anteriores, realizadas em 2005, foram ganhas pela coligação xiita Aliança Iraquiana Unida, cujo líder, Nuri al-Maliki, conseguiu formar governo com o apoio dos curdos.
Segundo sondagens citadas pelo jornal britânico The Guardian, Maliki, 60 anos, é o candidato favorito. Isso não implica que tenha assegurado um novo mandato como primeiro-ministro, dado que o partido pelo qual se candidata, a aliança Estado de Direito, deverá obter cerca de 30 por cento dos votos, precisando de uma ou duas coligações pós-eleitorais para ter maioria.
Em segundo lugar, com 22 por cento, surge a coligação não-sectária Movimento Nacional Iraquiano, dirigida pelo ex-primeiro-ministro, igualmente xiita, Iyad Alawi (2004-2005), 64 anos, mas que integra também sunitas como o vice-presidente Tary al-Hashimi.
A terceira força política, com 17 por cento, é a coligação xiita conservadora Aliança Nacional Iraquiana, dominada pelo Conselho Supremo Islâmico do Iraque, o principal partido xiita.
Nesta lista concorre um dos mais controversos políticos iraquianos, Ahmed Chalabi, 65 anos, que foi quem forneceu à administração Bush as alegadas provas das armas de destruição maciça de Saddam mas é agora acusado pelos Estados Unidos de colaborar com o Irão.
O escrutínio deste domingo é visto como decisivo para o futuro do Iraque, que terá de escolher entre um verdadeiro processo de reconciliação nacional, indispensável à estabilização do país, e o aprofundar das divisões entre os grupos étnicos, tribais e religiosos.
A questão da segurança é central para garantir o acesso dos eleitores às cerca de 46 mil assembleias de voto e o funcionamento destas, sobretudo depois da ameaça da Al-Qaida de sabotar o escrutínio. Só para as operações de voto, as autoridades mobilizaram 200 mil soldados e polícias.
As urnas vão estar abertas entre as 08:00 locais (05:00 TMG e Lisboa) e as 18:00 (15:00). Não há informação sobre quantos dias vai demorar a contagem dos votos.
