Dor, sangue, perda e saudade. A guerra invadiu a Ucrânia na madrugada de 24 de fevereiro e, 100 dias depois, não há fim à vista. Com as negociações entre Kiev e Moscovo suspensas há várias semanas, o túnel onde se espera ver luz parece cada vez mais fundo. O fantasma da morte, que todos os dias abraça várias cidades, torna as contas difíceis. Não se sabe ao certo quantas pessoas morreram numa Ucrânia com um nível de destruição arrepiante. A Rússia reclama objetivos conquistados e as forças ucranianas juram ter "conseguido o impossível", diante do segundo maior exército do Mundo. Mas o planeta ressente-se, sobretudo numa altura de novo recorde dos níveis globais de fome.
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- A Unicef estima que a invasão russa da Ucrânia tenha levado duas em cada três crianças a abandonar as suas casas e dá, agora, prioridade a apoiá-las. "Essa tem de ser a nossa prioridade: garantir que essas crianças são alimentadas, protegidas e recebem a educação adequada. Não podemos permitir que, por causa da guerra, essas crianças fiquem sem a sua infância", disse Paloma Escudero, diretora da Unicef para a Comunicação e Defesa de Direitos.
- O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, disse que os países ocidentais precisam de se preparar para um conflito prolongado no tempo. "Temos de estar preparados para o longo prazo, porque o que vemos é que esta guerra se tornou uma guerra de desgaste", defendeu.
- O conflito provocou milhões de refugiados e um número ainda por determinar de mortos e feridos, que a ONU diz que será elevado, além da destruição de muitas cidades ucranianas. Veja aqui a cronologia dos principais acontecimentos desde o dia 24 de fevereiro. E recorde as 100 frases que marcaram este período.
- "Esta guerra não tem nem terá vencedor", defendeu esta sexta-feira o coordenador da ONU para a Crise na Ucrânia, 100 dias depois de a a Rússia iniciar a invasão. "Precisamos de paz. A guerra deve acabar", pediu Amin Awad, numa altura em que as negociações entre Kiev e Moscovo estão suspensas há várias semanas.
- O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou hoje que a Rússia cumpriu alguns dos seus objetivos ao fim de 100 dias de ofensiva na Ucrânia, com a libertação de "muitas localidades", onde as pessoas voltaram a ter uma "vida pacífica".
- O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, assegurou aos ucranianos que sairão vitoriosos da guerra com a Rússia, numa declaração a propósito dos 100 dias do conflito. "A vitória será nossa", garantiu num vídeo de 36 segundos publicado no Instagram.
- A Comissão Europeia lançou uma plataforma para ligar empresas e ativar corredores solidários para facilitar as exportações de alimentos da Ucrânia, numa altura em que a Rússia é acusada de bloquear toneladas de cereais nos portos ucranianos.
- Cem dias depois do início da guerra, há "um nível de destruição impossível de compreender" em muitas cidades, afirmou o diretor-geral do Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICR), Robert Mardini. "Casas, escolas e hospitais foram deixados totalmente devastados e os civis enfrentaram os horrores da guerra, que já ceifou muitas vidas e dividiu muitas famílias", notou.
- A Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu aos doadores internacionais cerca de 140 milhões de euros para ajuda humanitária à Ucrânia e reconstrução do sistema de saúde do país, fortemente danificado e pressionado após 100 dias de guerra.
- A câmara de Moscovo comprometeu-se esta sexta-feira a prestar assistência humanitária e ajudar à reconstrução da cidade de Lugansk, no leste da Ucrânia, no âmbito de um acordo de geminação assinado com as autoridades locais pró-russas. O acordo foi assinado pelo presidente da câmara de Moscovo, Serguei Sobyanin, e o seu homólogo da capital da república popular de Lugansk, Manolis Pilavov, noticiou a agência russa TASS.
- Alguns soldados russos estão a recusar-se a lutar na Ucrânia, de acordo com advogados e ativistas russos. "Eu não quero voltar para matar e ser morto", afirmou Sergey (nome fictício) à BBC, depois de passar cinco semanas a lutar em território ucraniano. O militar está, agora, em casa, na Rússia, e a receber aconselhamento jurídico para evitar ser novamente enviado para a linha da frente.
- O chefe de Estado ucraniano, Volodymyr Zelensky, defendeu esta sexta-feira que a Ucrânia "fez o que parecia impossível" e parou "o segundo maior exército do mundo".