Guterres renova apelos pelo fim da guerra ao assinalar marca "trágica" de 100 dias
O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, renovou na sexta-feira os seus apelos pelo fim da guerra da Rússia na Ucrânia, ao assinalar a marca "trágica" de 100 dias desde o início do conflito.
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"Assinalam-se 100 dias desde o início da invasão russa da Ucrânia em 24 de fevereiro. O conflito já ceifou milhares de vidas, causou uma destruição incalculável, deslocou milhões de pessoas, resultou em violações inaceitáveis dos direitos humanos e está a inflamar uma crise global tridimensional -- alimentos, energia e finanças -- que atinge as pessoas, países e economias mais vulneráveis", disse Guterres em comunicado.
Ao assinalar este "dia trágico", o diplomata português renovou os seus apelos pelo "fim imediato da violência", pelo acesso humanitário irrestrito a todos os necessitados, pela evacuação segura de civis encurralados em áreas de combate e pelo respeito pelos direitos humanos.
"A ONU está comprometida com o esforço humanitário. Mas, como enfatizei desde o início, a resolução desse conflito exigirá negociações e diálogo. Quanto mais cedo as partes se envolverem em esforços diplomáticos de boa-fé para acabar com esta guerra, melhor para o bem da Ucrânia, da Rússia e do mundo. As Nações Unidas estão prontas para apoiar todos esses esforços", concluiu o secretário-geral.
Depois de 100 dias desde o início da guerra, regista-se em muitas cidades ucranianas "um nível de destruição impossível de compreender", afirmou hoje o diretor general do Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICR), Robert Mardini.
Há ainda muitos civis, como os familiares de prisioneiros de guerra, sem nenhuma informação sobre o paradeiro dos seus entes queridos, explicou o responsável do CICR, a organização que tem como missão proteger estes detidos em casos de conflito.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas de suas casas -- mais de oito milhões de deslocados internos e mais de 6,8 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
Também segundo as Nações Unidas, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
A ONU confirmou hoje que 4.169 civis morreram e 4.982 ficaram feridos na guerra, que hoje entrou no seu 100.º dia, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a cidades cercadas ou a zonas até agora sob intensos combates.