Grande Mufit de Jerusalém, Mohammad Hussein, não foi de meias-palavras ao receber o Papa Bento XVI na Mesquita do Rochedo.
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O Grande Mufti de Jerusalém, Mohammad Hussein, protagonizou um momento incómodo na viagem do Papa a Jerusalém. Contrariando as expectativas, fez um discurso duro, exortando Bento XVI a "desempenhar um papel activo” para pôr um fim à "agressão de Israel contra os palestinianos”.
Causou surpresa a crueza das palavras de Mohammad Hussein, que recebeu e guiou o Papa na visita à Mesquita Al-Aqsa, o terceiro lugar mais sagrado para o Islão, em Jerusalém Oriental. "A paz e a segurança de que esta região está privada há várias décadas surgirá com o fim da ocupação israelita e a recuperação do nosso povo da sua liberdade e dos seus direitos", disse o Grande Mufti na leitura de uma carta que, em seguida, entregou ao papa e surpreendeu o protocolo.
"Queremos um papel activo na sua santidade para pôr termo à agressão (de Israel) contra o nosso povo, a nossa terra e nossos lugares sagrados em Jerusalém, Gaza e na Cisjordânia", acrescentou Mohammad Hussein.
O líder espiritual muçulmano em Jerusalém incitou a trabalhar no sentido de permitir que os palestinianos, cristãos e muçulmanos possam aceder a locais sagrados em Jerusalém, para que possam rezar na Mesquita Al-Aqsa e do Santo Sepulcro, “um direito que Israel nega ", acrescentou.
Bento XVI, que se tornou no primeiro Papa a entrar na mesquita da Cúpula da Rocha na Esplanada das Mesquitas na velha cidade de Jerusalém, apelou à superação dos conflitos do passado e para o estabelecimento de um diálogo "sincero" entre as religiões.
"Num mundo tristemente desunido pelas divisões, este lugar sagrado serve de estímulo e também coloca aos homens e às mulheres de boa vontade o desafio de trabalhar para que sejam ultrapassados os mal-entendidos e os conflitos do passado e para que seja aberto um caminho de um diálogo sincero destinado a construir um mundo de justiça e de paz para as futuras gerações", declarou Bento XVI.
"Peço humildemente ao Todo-Poderoso que vos traga a paz e a bênção para o conjunto das populações bem amadas desta região. Possamos nós esforçar-nos para viver num espírito de harmonia e de cooperação", adiantou o Papa, falando em frente do mufti de Jerusalém, Mohammad Hussein.