O Presidente dos Estados Unidos e a chanceler alemã advertiram, na sexta-feira, que a Rússia está a provocar uma "perigosa escalada" da tensão na Ucrânia devido à presença militar na fronteira e ao envio de um comboio humanitário.
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Na conversa telefónica mantida com Angela Merkel, Barack Obama afirmou que o conflito "se continua a deteriorar" desde que um avião de uma companhia aérea malaia foi abatido, em julho, no leste da Ucrânia, numa região ocupada por insurgentes pró-russos, após ter partido de Amesterdão, com destino a Kuala Lumpur, causando a morte das 298 pessoas que seguiam a bordo.
Os dois líderes também "concordaram que o envio pela Rússia de um comboio [humanitário] sem o acordo da Ucrânia constitui mais uma provocação e violação da soberania e integridade territorial da Ucrânia", informou a Casa Branca.
Neste sentido, Obama e Merkel consideram "imperativo" que a Rússia retire o seu comboio de território ucraniano, aceite as condições previamente acordadas com a Ucrânia e a Cruz Vermelha Internacional para qualquer comboio humanitário na Ucrânia."
Segundo a Casa Branca, os dois dirigentes também manifestaram preocupação relativamente ao elevado número de tropas russas junto à fronteira, à presença de pessoal militar na Ucrânia e aos bombardeamentos russos em território ucraniano por representarem uma perigosa escalada" da tensão.
Neste sentido, Obama e Merkel instam a Rússia a retirar os seus soldados da região fronteiriça e as suas armas, veículos e pessoal de território ucraniano, bem como a parar com o fluxo de pessoal russo, equipamento militar e viaturas blindadas para o leste da Ucrânia.
"Eles também sublinharam a importância de um cessar-fogo bilateral acompanhado de um encerramento da fronteira e de uma eficaz monitorização da mesma", acrescentou a Casa Branca.
Os Estados Unidos e a União Europeia exigiram a retirada imediata do comboio humanitário perante os receios de que transporte material para os separatistas pró-russos que lutam contra as forças de Kiev.
Washington advertiu Moscovo para a possibilidade de serem aplicadas novas sanções, enquanto o Conselho de Segurança das Nações Unidas, preocupado com o agudizar do conflito, decidiu reunir, a pedido da Lituânia, para discutir precisamente a entrada no leste da Ucrânia de camiões russos.
As autoridades ucranianas denunciaram na sexta-feira a entrada do comboio humanitário russo no país, um gesto que foi considerado como um ato de "invasão" e a Cruz Vermelha confirmou não estar a acompanhar a coluna de viaturas da Rússia.
"Condenamos esta acção da Rússia, pelo que que enfrentará consequências adicionais", disse a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Caitlin Hayden, en comunicado.
Os primeiros veículos do comboio humanitário já chegaram a Lugansk, leste da Ucrânia, segundo separatistas pró russos citados pela France Press.