O diário alemão "Bild" afirmou esta sexta-feira que a chanceler Angela Merkel é uma candidata séria ao prémio Nobel da Paz, que será atribuído na próxima sexta-feira, pelo papel desempenhado nas crises migratória e ucraniana.
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"A chanceler Angela Merkel tem boas perspetivas de conquistar o prémio Nobel da Paz", destacou na capa o jornal mais lido na Alemanha.
Na quinta-feira, Kristian Berg Harpviken, diretor do Instituto de Investigação sobre a Paz (Prio) de Oslo e um dos peritos mais ouvidos sobre o Nobel da Paz, previu a vitória da líder alemã, mesmo se as suas previsões raramente se verificam. "Angela Merkel terá o prémio Nobel da Paz", declarou, em conferência de imprensa.
"Penso que a crise europeia dos refugiados - ou antes a crise mundial dos refugiados dado as situações igualmente dramáticas em grandes zonas da Ásia de Leste - vai dominar a atenção do Comité Nobel Norueguês este ano", afirmou. "Merkel foi a pessoa que assumiu a liderança" desta questão na Europa, acrescentou.
A chanceler alemã proclamou que a UE tinha o dever moral de receber centenas de milhares de refugiados, que chegaram à Europa este ano, e abriu as portas do seu país que espera acolher entre 800 mil e um milhão de requerentes de asilo em 2015.
Esta posição valeu a Merkel uma série de críticas dos parceiros políticos na Alemanha e à escala europeia.
A líder alemã foi também uma das principais responsáveis pelos acordos de Minsk, no início do ano, que resultaram num cessar-fogo relativamente respeitado no leste da Ucrânia, onde as tropas governamentais e os rebeldes pró-russos se confrontam.
Um outro perito do Nobel, o historiador norueguês Asle Sveen, considerou que o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR) é um candidato mais bem colocado para conseguir o prémio.
"Tenho na minha lista o ACNUR e Mussie Zerai, o padre eritreu que desempenhou um papel central na ajuda aos refugiados que atravessam o Mediterrâneo a partir do norte de África para a Europa", disse.
No ano passado, o Nobel da Paz foi atribuído à paquistanesa Malala Yousafzai e ao indiano Kailash Satyarthi.
Em março, o Comité Nobel destituiu o contestado presidente Thorbjoern Jagland para o grau de simples membro, uma iniciativa sem precedentes na história centenária do prémio.
Presidente desde 2009, num período marcado pelas polémicas escolhas do presidente norte-americano, Barack Obama, do dissidente chinês Liu Xiaobo e da União Europeia, Jagland foi substituído pela ex-líder conservadora Kaci Kullman Five, até aqui vice-presidente do Comité.
Nunca desde 1901, ano em que foi atribuído o primeiro Nobel da Paz, um presidente que pretendesse ser reconduzido, como manifestou Jagland, foi destituído.
A reunião dos cinco membros do Comité, a primeira do ano, tinha por objetivo distribuir funções dentro do Comité e passar em revista as 276 candidaturas ao Nobel da Paz 2015.