O nome de Michael - também responde a Mike - Bloomberg mistura-se com o mercado financeiro. Quanto mais não seja porque uma das principais plataformas de informação do setor lhe deve a designação.
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Liga-o a Donald Trump, presidente norte-americano - que o democrata quer derrotar nas próximas eleições, em novembro, assim o partido o escolha para a tarefa -, o facto de o dinheiro, muito, lhe nortear o caminho.
Bloomberg é um engenheiro com um MBA em Harvard, que conseguiu, em 1966, emprego em Wall Street, no Salomon Brothers, de onde foi demitido 15 anos depois, após a venda da empresa. A indemnização, relativa já a um dos sócios do banco de investimento, rendeu-lhe dez milhões de dólares.
Sem emprego, com dinheiro e uma ideia, Bloomberg criou o terminal homónimo e agregou-lhe uma rede de notícias. Passou a fornecer informações precisas em tempo real, serviço que conquistou bancos, gestores e investidores a nível global.
E, então, a política. E não se pode dizer que entrou mal. Três mandatos consecutivos como "mayor" de Nova Iorque, o primeiro conseguido meses após o ataque de 11 de setembro de 2001, sucedendo a Rudy Giuliani, atual advogado de... Trump.
Milhões e mais milhões
Nascido a 14 de fevereiro de 1942, em Boston, formou-se em Engenharia Elétrica na Universidade de Johns Hopkins. Para aceder ao ensino superior, pediu um empréstimo estudantil e, para se manter, trabalhou num parque de estacionamento.
"Flash forward" para 2000. Com a marca Bloomberg solidificada - a plataforma inicial evoluiu para um conglomerado que abrangia televisão, revistas, sites e agências -, o empresário resolveu empurrar o horizonte.
Filiado no Partido Democrata, Mike trocou-o pelo Republicano para se candidatar à Câmara nova-iorquina com o apoio do então popular "mayor", Giuliani.
A tática para o triunfo foi idêntica à que já desvendou para as presidenciais deste ano: montanhas de dinheiro. "Derreteu" mais de 74 milhões de dólares da fortuna pessoal em anúncios televisivos que defendiam a necessidade da liderança de um homem de negócios para reconstruir Nova Iorque.
Seria reeleito em 2005, com novo recorde de gastos numa eleição não presidencial - 85 milhões de dólares.
Legislar para governar
Cumpriu o terceiro mandato porque fez passar uma lei para acabar com o limite de dois. Lá se foram mais 109 milhões de dólares.
Em pose enguia, voltou ao forte democrata. Entrou na luta à candidatura presidencial em novembro de 2019, depois de, em março, dizer que não concorreria.
Agora, prevê gastar cerca de mil milhões de dólares. De novo, sem donativos. Restam-lhe 24 mil milhões.
Bloomberg defende políticas mais conotadas com a esquerda progressista, como a expansão do serviço público de saúde e o combate às alterações climáticas. Apoia a liberalização do aborto e a união de pessoas do mesmo sexo, além da reforma legislativa para garantir direitos aos imigrantes e o controlo mais restrito de armas.
No primeiro debate em que participou, há dias, os rivais democratas lembraram-lhe os acordos confidenciais que fez para sanar processos de assédio sexual e moral.
Na Casa Branca, sabem bem o que isso é.
À margem
Sondagens
Decorreram no sábado as primárias democratas no estado do Nevada, onde as sondagens davam a vitória ao senador pelo Vermont, Bernie Sanders, que segue à frente nas previsões nacionais. O ex-vice-presidente Joe Biden e Michael Bloomberg surgem em segundo e terceiro. O candidato democrata à presidência será conhecido em julho
Ingerência russa
Os serviços de informações terão informado Sanders de interferências russas no processo eleitoral em favor da sua candidatura, para aumentar as hipóteses de derrota democrata face ao presidente, Donald Trump. "Não quero saber quem é que Putin (presidente russo) quer como presidente. A minha mensagem para ele é clara: mantenha-se afastado das eleições americanas", avisa Sanders.