O Ministério da Defesa russo reconheceu esta terça-feira que as forças armadas de Moscovo bombardearam acidentalmente uma aldeia russa da região de Voronezh, fronteiriça com a Ucrânia.
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"No dia 2 de janeiro de 2024, por volta das 9 horas de Moscovo [6 horas de Lisboa], ocorreu uma descarga involuntária de munições durante um voo de uma aeronave das Forças Aeroespaciais sobre a aldeia de Petropavlovka, na região de Voronezh", indica o Ministério em comunicado.
A Defesa russa acrescenta que o incidente "não causou vítimas", mas sim danos a "seis habitações particulares".
"Uma comissão está a trabalhar no local para avaliar a natureza dos danos e ajudar a reconstruir as casas", acrescenta o comunicado.
O exército russo realizou esta terça-feira novos ataques contra a Ucrânia, matando pelo menos quatro civis e ferindo mais de 90 pessoas, principalmente em Kiev e Kharkiv, segundo as autoridades ucranianas.
Segundo o ministro do Interior ucraniano, Igor Klymenko, uma pessoa foi morta na cidade de Kiev, outras duas na região de Kiev e uma em Kharkiv.
No total, "27 pessoas foram hospitalizadas" em Kiev, declarou o autarca da cidade, Vitali Klitschko.
A segunda cidade da Ucrânia, Kharkiv, localizada não muito longe da fronteira russa, foi alvo de "pelo menos quatro ataques", matando uma mulher de 91 anos, segundo o governador da região, Oleg Synegoubov.
O autarca da cidade, Igor Terekhov, também relatou "45 feridos, incluindo cinco crianças entre 6 e 13 anos".
Prédios de apartamentos de vários andares e infraestruturas civis foram danificados no centro da cidade, segundo as autoridades regionais.
Mais de 250 mil pessoas também ficaram sem eletricidade na capital ucraniana após estes ataques.
Putin ameaçou "intensificar" ataques na Ucrânia
A Rússia disparou na manhã desta terça-feira "99 mísseis de vários tipos" contra a Ucrânia, 72 dos quais foram abatidos pela defesa aérea ucraniana, declarou o comandante do exército ucraniano, Valery Zaluzhnyi.
As forças ucranianas "destruíram 72 alvos aéreos", incluindo 10 mísseis hipersónicos Kinjal e três mísseis de cruzeiro Kalibre, bem como 59 mísseis de cruzeiro Kh-101, Kh-555 e Kh-55, referiu o general ucraniano na rede social Telegram.
Esta nova série de ataques ocorre um dia depois de o Presidente russo, Vladimir Putin, ter ameaçado "intensificar" os ataques na Ucrânia em retaliação ao ataque de escala sem precedentes na cidade russa de Belgorod, no sábado, que deixou 25 mortos e 109 feridos.
As forças do Kremlin já haviam atacado a capital ucraniana no dia de Ano Novo drones, sem causar grandes danos nem vítimas, assim como a região de Sumi (nordeste).
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou, de acordo com os mais recentes dados da ONU, a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa - justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.