As negociações indiretas entre Israel e o Hamas, que começaram segunda-feira no Egito com o objetivo de pôr fim à guerra em Gaza, foram "positivas" e devem ser retomadas esta terça-feira, disseram à agência France Presse (AFP) duas fontes palestinianas.
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As fontes próximas da equipa negocial do Hamas disseram à AFP que o encontro de segunda-feira à noite foi positivo acrescentando que a reunião prolongou-se durante quatro horas.
Segundo a AFP, as negociações indiretas devem ser retomadas hoje ao meio-dia (10 horas em Portugal continental) em Sharm el-Sheikh, uma estância turística egípcia localizada na Península do Sinai.
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No dia 29 de setembro, após contactos com o Hamas e com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, o presidente norte-americano, Donald Trump, revelou um plano para pôr fim à guerra em Gaza, incluindo a libertação de todos os reféns, uma retirada gradual do Exército israelita e o desarmamento do movimento que controla o enclave palestiniano.
"Esta oportunidade não deve ser perdida"
Os presidentes do Conselho Europeu, António Costa, e da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disseram hoje esperar que o plano do presidente norte-americano, Donald Trump, "abra caminho à paz" em Gaza na guerra entre Israel e Hamas.
"Apelamos a todas as partes para que participem de forma construtiva nas conversações em Sharm el Sheikh [no Egito], no contexto do plano apresentado pelo Presidente Donald Trump. Este momento deve ser aproveitado para abrir caminho a uma paz duradoura na região, com base na solução de dois Estados", publicaram António Costa e Ursula von der Leyen, numa mensagem conjunta publicada no X.
No dia em que se assinalam dois anos do início da guerra na Palestina entre Israel e o grupo islamita Hamas devido ao ataque terrorista deste último, os dois responsáveis europeus indicaram que "a libertação imediata de todos os reféns e um cessar-fogo estão agora ao alcance". "Esta oportunidade não deve ser perdida", apelaram.
Na publicação, Costa e Von der Leyen assinalaram ainda a data: "Nunca esqueceremos o horror dos ataques do Hamas em 7 de outubro e a dor que causaram às vítimas inocentes, às suas famílias e a todo o povo de Israel, há dois anos. Honramos a sua memória trabalhando incansavelmente pela paz".
Também os chefes de governo de Alemanha e Itália, respetivamente Friedrich Merz e Giorgia Meloni desejaram o sucesso do plano de paz do presidente norte-americano, Donald Trump, para a Faixa de Gaza, após dois anos de guerra.
"Temos muita esperança no processo de paz", afirmou o chanceler alemão num depoimento de vídeo, reiterando a exigência de que "todos os reféns [tomados pelo movimento islamista Hamas] devem ser libertados imediatamente.
A primeira-ministra italiana frisou que "a resposta militar de Israel foi para lá de qualquer princípio de proporcionalidade", desejando que o plano para Gaza de Trump "não seja desperdiçado".
"O 7 de outubro de 2023 deixou feridas profundas. Ficou nos livros de história como um dia negro para o povo judeu. Hoje, faz dois anos que o Hamas atacou Israel de maneira brutal. Mais de mil cidadãos de Israel perderam a vida: crianças e jovens, homens e mulheres, mães e pais, polícias e soldados", continuou Merz.
O responsável político alemão lembrou que a organização terrorista palestiniana sequestrou 250 pessoas, entre as quais alguns seus concidadãos, que se mantém em poder do Hamas, "a sofrerem coisas inimagináveis há longos dois anos".
Já a líder italiana definiu o sucedido como "crimes atrozes que transformaram o 7 de outubro em uma das mais obscuras páginas da história", acrescentando que "a violência do Hamas provocou uma crise sem precedentes no Médio Oriente".
"[O plano de Trump] oferece uma oportunidade que não se deve desperdiçar", disse, sublinhando o apoio da medidas defendidas pelo chefe de Estado norte-americano "não só por parte dos países europeus, mas também dos países árabes e islâmicos".
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O ataque do dia 7 de outubro de 2023 resultou na morte de 1219 pessoas, a maioria civis, segundo um relatório compilado pela AFP com base em dados oficiais. Das 251 pessoas raptadas do Hamas nesse dia, 47 continuam reféns em Gaza, 25 das quais já terão morrido, segundo o Exército de Israel. A resposta militar de grande escala de Israel fez 67.160 mortos no enclave costeiro palestiniano, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.