O realizador Julio Pérez del Campo, vencedor do Prémio Goya de Melhor Curta-Metragem Documental por "Gaza", disse à agência Efe que, "pela primeira vez na história", está a assistir-se a um genocídio em direto.
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Em declarações à agência EFE, Pérez del Campo disse que, em 2015, quando filmou a curta-metragem com Carlos Bover Martínez, "a limpeza étnica e o genocídio já estavam a decorrer".
No futuro, "os que se opuseram e lutaram contra este genocídio poderão manter a cabeça erguida", afirmou o cineasta, que já apresentou a curta-metragem "Gaza. Una mirada a los ojos de la barbarie", em Portugal, na Universidade Popular do Porto.
O realizador realçou que a situação em Gaza é "algo que provavelmente nunca vimos em toda a História, a subjugação de um povo, não só por bombardeamentos, mas também por uma fome premeditada por um governo fascista que está a cometer genocídio contra uma população desarmada e sem meios de se defender".
Pérez del Campo considerou que a resposta do governo espanhol à situação em Gaza "é absoluta e radicalmente insuficiente", embora admita que "tem sido um [governo] emblemático" entre aqueles que tomaram medidas e condenaram a situação.
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O cineasta realçou o exemplo de como muitos países agiram "contra o 'apartheid' na África do Sul", conseguindo "isolar e boicotar" o regime, até conseguirem convencer "a comunidade internacional de que a única saída para o 'apartheid' e a barbárie que estava a ser cometida" era expulsá-lo de todas as instituições.
Na sua opinião, o mesmo deve acontecer agora: "Expulsar o estado genocida de Israel de todas as instituições e, claro, a principal medida que pode ser tomada é o isolamento, tanto comercial como político".
O realizador destacou a resposta do povo espanhol, que no sábado encheu as ruas das principais cidades com centenas de milhares de pessoas, em manifestações de condenação de Israel, em defesa da Palestina.
"Devemos orgulhar-nos do povo que temos", afirmou Pérez del Campo, "um povo que durante muitos anos demonstrou a sua capacidade de protesto, a sua capacidade de compreender os direitos humanos".
Pérez del Campo descreveu a resposta da sociedade como "um exemplo histórico". "Daqui a poucos anos, o povo espanhol poderá sentir-se orgulhoso das suas ações, e a história colocará cada um de nós no seu devido lugar. Os que se opuseram e lutaram contra este genocídio poderão manter a cabeça erguida, enquanto outros terão de pedir desculpa por terem apoiado um Estado terrorista e genocida", concluiu.
"Gaza. Una mirada a los ojos de la barbarie" está disponível em Portugal, através de plataformas de "streaming".