Edifício de nove andares colapsou após investida com mísseis. Forças russas atingiram ainda infraestruturas energéticas em cidades como Kiev, Lviv, Odessa, Vinnytsia e Kharkiv
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A toada das sirenes voltou este sábado a soar por toda a Ucrânia. Entre as várias cidades atingidas pelos mísseis, a situação mais grave verificou-se em Dnipro, no centro do país, onde os "rockets" choveram sobre uma área residencial, provocando o colapso de um edifício de nove andares, de que resultaram nove mortos e pelo menos 64 feridos, 14 deles crianças, retirados de um amontoado colossal de escombros onde eram ainda visíveis várias viaturas destruídas.
"[Os russos] são apenas desumanos. Sob os escombros há pessoas que estavam em casa durante o feriado", disse Kyrylo Tymoshenko, vice-chefe do gabinete do presidente ucraniano, em declarações à agência Reuters, que publicou na rede social Twitter a fotografia da parte central do bloco de apartamentos, com nove andares, arrasada pelos mísseis.
O chefe da administração militar ucraniana para a região, Valentyn Reznichenko, escreveu no Telegram, citado pelo jornal "The New York Times", que eram já 64 os feridos ontem retirados dos escombros, isto quando as equipas de resgate trabalhavam ainda para alcançar aqueles que se encontravam encurralados.
Também os moradores da cidade estavam, segundo o mesmo jornal, a participar nas operações de salvamento, a ajudar a remover carros queimados e destroços da frente do edifício para permitir a passagem dos camiões de bombeiros.
O edifício foi atingido durante a segunda ronda de ataques aéreos russos que hoje atingiram cidades por toda a Ucrânia, numa altura em que os residentes vivem o período festivo do Natal ortodoxo. Na primeira ronda, foram atingidas sobretudo infraestruturas energéticas no país.
Também Volodymyr Zelensky referiu, na sua habitual comunicação noturna, o forte ataque ao bloco de apartamentos em Dnipro: "A remoção de detritos ainda está em andamento e continuará durante toda a noite. Ainda não se sabe quantas pessoas estão sob os escombros. Infelizmente, o número de mortos está a crescer a cada hora".
Na mesma declaração, o chefe de Estado ucraniano referiu que "a Rússia lançou outro ataque pesado de mísseis contra cidades ucranianas. Kiev, Kharkiv, Odessa, Kryvy Rih, Dnipro, Vinnytsia, Ladyzhyn, Burshtyn, região de Lviv, Khmelnytsky e outras cidades foram alvos de terroristas", com o presidente a assegurar que mais de 30 mísseis foram lançados pelos russos, tendo sido intercetados mais de 20 pela Força Aérea ucraniana.
Na terra, no ar e no mar
Diante dos ataques massivos deste sábado, Zelensky voltou a insistir no reforço do envio de armamento por parte dos aliados do Ocidente. "É possível fazer de forma diferente do que no campo de batalha na Ucrânia? Infelizmente, não. Isso pode e deve ser feito na nossa terra, no nosso céu, no nosso mar. O que é necessário para isso? Aquelas armas que estão nos armazéns dos nossos parceiros e que as nossas tropas tanto esperam. Nenhuma persuasão ou apenas passagem do tempo vai parar os terroristas que estão metodicamente a matar o nosso povo com mísseis, drones comprados no Irão, a sua própria artilharia, tanques e morteiros".