Mais de um milhão de pessoas aconselhadas a abandonar o Norte de Gaza. Netanyahu avisou que “isto é apenas o começo”.
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A indicação das Forças de Defesa de Israel (FDI) para que a população do Norte da Faixa de Gaza se retirasse massivamente para Sul do exíguo território cumpriu-se, numa marcha desesperada, ao longo do dia de hoje. No aviso emitido, as FDI anunciaram que “operarão significativamente na Cidade de Gaza nos próximos dias” e que os habitantes da capital do enclave palestiniano só poderão regressar à cidade “quando outro anúncio o permitir”. O primeiro-ministro israelita avisou, já ao final do dia de hoje, que a contraofensiva em Gaza “é só o começo”.
As Nações Unidas receberam ordem de retirada das FDI ainda na noite de quinta-feira, alertando que todos deveriam partir em 24 horas e rumar a Sul. Ordem que se aplicava não só aos habitantes de Gaza acolhidos em instalações da ONU mas também ao pessoal da organização.
O porta-voz do secretário-geral da ONU assinalou que a área da capital do enclave inclui 1,1 milhões de habitantes e que a tarefa seria “impossível sem consequências humanitárias devastadoras”, apelando à retirada da ordem para evitar transformar “uma tragédia numa situação calamitosa”.
“As FDI apelam à evacuação de todos os civis da cidade de Gaza, das suas casas, em direcção ao Sul, para a sua própria segurança e protecção, e a deslocarem-se para a área a Sul do wadi Gaza, o rio Gaza, conforme mostrado no mapa”, referia a declaração das forças israelitas.
Na mesma nota, o aviso de que o regresso da população só poderá acontecer quando Israel assim o determinar: “Esta evacuação é para a vossa própria segurança. Vocês só poderão retornar à cidade de Gaza quando for feito outro anúncio permitindo isso. Não se aproximem da área da cerca de segurança de Israel”.
A autoridade do Hamas para assuntos de refugiados apelou depois aos palestinianos do Norte de Gaza para “permanecerem firmes nas suas casas e permanecerem firmes face a esta repugnante guerra psicológica travada pela ocupação”.
Ordem para evacuar hospital
Ao final da tarde, a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) revelou que Israel havia dado ao hospital Al Awda, em Gaza, “apenas duas horas para evacuar”. “A nossa equipa ainda está a tratar pacientes. Condenamos inequivocamente esta acção, o contínuo derramamento de sangue indiscriminado e os ataques aos cuidados de saúde em Gaza. Estamos a tentar proteger os nossos funcionários e pacientes”, disse a MSF. A Organização anunciaria mais tarde que as forças iraelitas estenderam a ordem de evacuação até às 6 horas deste sábado.
O primeiro-ministro israelita prometeu, já esta noite, eliminar o Hamas e avisou que a contraofensiva de Israel só agora começou. “Gostaria de enfatizar: isto é apenas o começo. Os nossos inimigos apenas começaram a pagar o preço. Não vou detalhar agora o que ainda está por vir, mas gostaria de dizer que isto é apenas o começo”, atirou Benjamin Netanyahu.
O líder conservador garantiu ainda: “Vamos erradicar o Hamas e vamos trazer a vitória. Vai levar tempo, mas sairemos desta guerra mais fortes do que nunca”.
Seguiu-se o apelo desesperado do secretário-geral da ONU pela abertura de um corredor seguro: “Precisamos de acesso humanitário imediatamente para Gaza. O Direito internacional tem que ser respeitado. A linguagem de ódio não é aceitável”, disse António Guterres, horas antes do previsível ataque inclemente avançar sobre Gaza.