O representante especial do secretário-geral das Nações Unidas para a República Centro-Africana defendeu esta segunda-feira o reforço do papel de Portugal no país com mais meios aéreos.
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"Vou tentar ver com o senhor ministro o que podemos fazer em conjunto para reforçar os meios de intervenção da Minusca [Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro-Africana], incluindo com meios aéreos", revelou esta segunda-feira Mankeur Ndiaye, à margem de uma conferência no Instituto de Defesa Nacional.
"Os meios aéreos são muito importantes", disse o representante, que se reunirá ao final da tarde com o ministro Gomes Cravinho.
Na reunião, o diplomata disse que irá "felicitar" Portugal pelo "papel importante que desempenha nas operações de manutenção da paz em todo o mundo e, em particular, na RCA através da Força de Reação Rápida portuguesa" que integra a Minusca, com 180 militares portugueses.
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A Força de Reação Rápida portuguesa, disse, "faz a diferença no terreno".
"Vou também felicitar o profissionalismo dos soldados portugueses, e o compromisso político e militar de Portugal na RCA", acrescentou.
O representante de António Guterres na RCA admitiu que a falta de financiamento está a fazer "deslizar" os prazos do processo eleitoral -- central no quadro do acordo de paz assinado em 6 de fevereiro último pelo Governo do país com 14 grupos armados, que controlam mais de dois terços de um território equivalente à área reunida de França e a Bélgica.
"Insistimos na necessidade da mobilização dos recursos, porque sem recursos não poderemos organizar as eleições", disse. O tema será também abordado com Gomes Cravinho.
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"O orçamento foi definido [37,4 milhões de euros], a comunidade internacional conhece-o, a União Europeia prometeu 15 milhões de euros, que deverá disponibilizar dentro de dois meses", mas "é preciso que os outros parceiros, multilaterais e bilaterais, possam contribuir com a sua parte para que os recursos necessários possam ser mobilizados e as eleições possam ser realizadas", disse.
A autoridade nacional eleitoral da RCA devia estar já proceder ao registo dos eleitores, "uma pequena derrapagem" que "poderá ser recuperada" se o financiamento for colocado à disposição da Minusca, garantiu Ndiaye, que mantém o essencial do calendário: "Temos que realizar a primeira volta das eleições presidenciais e legislativas em dezembro e, eventualmente, se for necessária uma segunda volta [das presidenciais], em 15 de fevereiro de 2021, para que o novo presidente eleito esteja em condições de tomar posse a partir do final de março de 2021".
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"A comunidade internacional está empenhada para que tenhamos eleições no respeito do direito constitucional e em condições de segurança. A MINUSCA foi mandatada pelas Nações Unidas para oferecer um apoio técnico, logístico e de segurança à organização das eleições. Por isso, lançamos um apelo a todos os atores políticos para que inscrevam nessa perspetiva, porque a RCA não pode dar-se ao luxo de um novo processo de transição", reforçou.