Fontes islamitas, leais ao presidente deposto Mohammed Morsi, disseram às agências internacionais, que polícias egípcios entraram, na quinta-feira, numa mesquita do Cairo, onde se encontravam corpos de dezenas de manifestantes, depois de atirarem gás lacrimogéneo para o interior.
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De acordo com as mesmas fontes, citadas pela Agência France Presse, os polícias "cercaram a mesquita e atiraram gás lacrimogéneo sobre as pessoas, que aí se encontravam".
"De seguida entraram e nós saímos", disse um membro da comunidade islamita à agência francesa, um médico de nome Ibrahim.
Segundo este médico, na mesquita encontravam-se inicialmente os corpos de mais de 200 vítimas dos confrontos de quarta-feira, no Cairo, mas, entretanto, muitos já foram retirados.
"Mantêm-se 43 corpos na mesquita, que não conseguimos identificar", disse Ibrahim à AFP.
A cadeia egípcia de televisão CBC mostrou, na quinta-feira, imagens de polícias no interior da mesquita.
A onda de violência no Egito causou pelo menos 525 mortos na quarta-feira, informou hoje o Governo egípcio, e a situação já motivou um apelo à "paz, ao diálogo e à reconciliação" do papa Francisco.
Os mais de 500 mortos incluem 202 manifestantes do campo de Rabaa al-Adawiya, no Cairo, e 43 agentes policiais por todo o país, disse fonte oficial do ministério da Saúde do Egipto.
A violência no país foi desencadeada quando, na quarta-feira, as forças de segurança invadiram acampamentos de protesto pró-Morsi, o presidente destituído e detido pelo exército a 3 de julho.
O Ministério egípcio do Interior anunciou na quinta-feira que a polícia está autorizada a usar munições verdadeiras quando os manifestantes ataquem bens públicos ou as forças da ordem, noticiou a AFP.
O anúncio surgiu após manifestantes islâmicos terem ateado fogo a um edifício governamental na província do Cairo e depois da polícia e do exército terem dispersado apoiantes do presidente deposto Mohamed Morsi.