Os preços dos produtos subiram 223,10% durante o mês de agosto, elevando para 200.005,00% a inflação anual acumulada, segundo dados divulgados pela Comissão de Finanças (CF) da Assembleia Nacional da Venezuela, onde a oposição detém a maioria.
Corpo do artigo
A Comissão de Finanças (CF), "na ausência de números fornecidos pelo Banco Central da Venezuela em relação à inflação, calculou que, após dez dias do pacote político do governo [aumento de impostos, do salário e da gasolina], a hiperinflação disparou na Venezuela", disse o presidente da CF, Rafael Guzmán.
Durante uma conferência de imprensa em Caracas, Rafael Guzmán explicou que só no mês de agosto a inflação venezuelana "atingiu 223,10%, enquanto o acumulado de janeiro a agosto de 2018 foi de 34.680,7% e o valor anual (de agosto de 2017 a agosto de 2018) já está em 200.005,00%".
Fotogaleria: Para ir às compras é preciso levar um saco de notas
9738661
Segundo este responsável da CF, a desvalorização da moeda nacional, a fixação oficial de novos e elevados preços e o aumento em 35 vezes do salário mínimo dos venezuelanos fez aumentar o preço dos produtos.
"Em relação ao mês de julho, quando a inflação foi de 125%, em agosto, os preços triplicaram", disse Rafael Guzmán, precisando que a Venezuela regista uma inflação diária de 4% e que os produtos que mais subiram de preço foi o arrendamento de casas (548%), serviços de comunicação (406%), restaurantes e hotéis (365%), e bebidas alcoólicas e tabaco (205%).
Os equipamentos para o lar subiram 204%, o transporte 135% e os alimentos e bebidas alcoólicas 127%.
"Nicolás [Maduro, presidente da Venezuela], esta é a tua obra, este é o teu desastre", frisou.
O Fundo Monetário Internacional projetou que a Venezuela terminará 2018 com uma inflação acumulada de 1.000.000%, mas a CF insiste que deverá rondar os 4.000.000%.
Segundo o parlamento venezuelano, o país está a entrar numa nova etapa de escassez de produtos. "Já não se conseguem produtos, não há produção e o único propósito é dominar a vontade dos venezuelanos", disse Rafael Guzmán
Além disso, "no setor privado, muitos esforçam-se para custear os pagamentos, mas outros foram forçados a fechar as portas", o que significa "menos ativos e, como há menos ativos e mais dinheiro na rua, a inflação aumenta ", explicou o presidente da Comissão de Finanças da Assembleia Nacional da Venezuela.
O Banco Central da Venezuela não divulga dados oficiais sobre a inflação desde 2016. Em janeiro do ano seguinte, o parlamento decidiu publicitar os dados da inflação.