Subiu para 195 o número de vítimas mortais confirmadas em todo o Estado do Rio de Janeiro. Surge agora a notícia de que o prefeito de Niterói teria conhecimento do perigo daquelas zonas, há já seis anos, e nada terá feito para evitar a tragédia.<br />
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Na cidade do Rio de Janeiro, ontem, foi resgatado mais um corpo sem vida, o que eleva para 60 o número de mortos na cidade, causados pelas fortes chuvas que caem no Estado brasileiro desde o início da semana.
Nitéroi, que sofreu um novo deslizamento de terras, anteontem, é a cidade com mais perdas humanas: 115 óbitos confirmados. A mesma equipa de resgate, composta por cerca de 40 homens, está no terreno há 24 horas. Suspeitava-se que cerca de 200 pessoas estivessem nos escombros, que uma comunidade quase inteira estivesse soterrada. Para já, têm sido resgatados corpos já sem vida, confirmando-se assim, o pior dos cenários. O estado de calamidade foi decretado.
São Gonçalo (16mortos), Nilópolis (1), Paracambi (1), Petrópolis (1) e Magé (1) foram as outras cidades do Estado do Rio de Janeiro que registaram vítimas mortais. Entre os 14 mil brasileiros que ficaram sem casa, há também registo de 161 feridos.
Agora é preciso lidar a possibilidade de contaminação de algumas doenças, como diarreia, cólera, hepatite A, tétano e problemas intestinais que podem advir do consumo de água e alimentos, pelo que a secretaria da Saúde da cidade do Rio divulgou uma lista de medidas preventivas.
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, ordenou já que todas as pessoas que habitem em zonas de risco devem abandonar as suas casas, sendo que, caso não obedeçam às autoridades, será usada a força para retirar as pessoas. Em Niterói poder ter que ser realojadas cerca de 600 famílias.
Entretanto, surge uma inquietante notícia avançada pela “Folha Online”. Alegadamente, a autarquia de Niterói conhecia o risco de 90% dos morros que desabaram, há pelo menos seis anos, e nada terá feito para evitar a tragédia.
Já em 2004, o Instituto de Geociência da Universidade Federal Fluminense elaborou um estudo, a pedido do Ministério das Cidades, concluindo, naquele ano, que a área que sofreu os deslizamentos era de alto risco e necessitava de fiscalização permanente.
O actual autarca de Niterói, Jorge da Silveira declarou que “há estudos a respeito de tudo na cidade”. Por sua vez, o autarca que estava à frente da cidade em 2004, e que é o actual vice-presidente, Godofredo Pinto, não foi localizado para prestar esclarecimentos.
Já o governador do Rio, Sérgio Cabral, defendeu-se, dizendo que esta não é a hora de apontar culpados. "Estou há três meses a falar disso. Os demagogos criticaram-me”, disse.