O presidente cessante do Sudão, Omar el-Bashir, foi o vencedor das eleições realizadas entre 11 e 15 de Abril com 6,9 milhões de votos (68% do total), anunciou hoje, segunda-feira, a Comissão Eleitoral.
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Em Cartum, o chefe da Comissão, Abil Alier, disse que em segundo lugar ficou Yaser Arman, candidato presidencial do Movimento Popular para a Libertação do Sudão (MPLS) - principal força política no sul do país -, com 21% dos votos. No sul do Sudão, o líder do MPLS, Salva Kir, venceu com 2 616 000 votos, 92% do total, enquanto o seu adversário Lam Akol conseguiu o apoio de 7% dos votantes (197 mil votos).
Após o anúncio dos resultados, Omar el-Bashir declarou-se "presidente de todos os sudaneses" e garantiu que as eleições foram "livres, transparentes, vigiadas por observadores internacionais e sem violência". Todavia, observadores da União Europeia (UE) e da Fundação Carter norte-americana consideraram que as eleições não cumpriam as "normas internacionais". Indiferente às críticas, El-Bashir cumpriu o seu objectivo ao convocar estas eleições, as primeiras - legislativas, regionais ou presidenciais - multipartidárias desde 1986: uma vitória inequívoca para desafiar o Ocidente e o Tribunal Penal Internacional, que lançou um mandado de captura contra ele, em 2009, por crimes de guerra e crimes contra a humanidade no Darfur.
O discurso de vitória de Bashir não ignorou o problema, aliás. Após ter afirmado que a prioridade do seu governo será referendar a independência da região autónoma do sul do Sudão na data prevista (Janeiro de 2011), o presidente sudanês reeleito disse que pretende continuar a pacificação do Darfur. Esta região ocidental do Sudão é palco, há sete anos, de uma guerra civil complexa, da qual já resultaram 300 mil mortos e 2,7 milhões de deslocados, segundo estimativa da ONU. Cartum apenas admite a existência de 10 mil mortos.
O partido presidencial ganhou os três postos chave de governadores do Darfur (oeste, norte e sul), mas as pessoas deslocadas devido ao conflito boicotaram maciçamente a eleição. Além disso, as eleições foram minadas pelo boicote de parte importante da Oposição, por acusações de fraudes e por problemas técnicos, que complicaram o funcionamento da votação e anúncio de resultados. Não obstante, mais de 10 milhões de sudaneses foram às urnas.