Uma mulher espanhola residente em Inglaterra há 44 anos foi despedida por não conseguir provar que tem o direito a trabalhar no Reino Unido, em consequência das regras pós Brexit.
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A mulher explicou que tentou centenas de vezes contactar o governo britânico para pedir ajuda para resolver a sua situação, mas nunca conseguiu falar com ninguém. Candidatou-se para o estatuto de residente da União Europeia, que lhe garante os direitos a cuidados de saúde, educação, benefícios e pensão como um cidadão britânico, mas a sua candidatura ficou perdida nos mais de 500 mil casos que o governo tem para resolver.
Como nunca conseguiu obter passaporte britânico ou espanhol, não conseguiu candidatar-se a este estatuto via digital, então preencheu uma candidatura em papel com a certidão de nascimento, mas não conseguiu obter o certificado que lhr permitia continuar a trabalhar em Inglaterra.
"Perguntaram-me se eu conseguia provar que vim para o Reino Unido de forma legal, como se me estivessem a acusar de vir para aqui na parte de trás de um camião, mas eu vim em bebé. Questionaram-me se conseguia apresentar alguma prova que tenho o direito em trabalhar aqui. Eu pago impostos e segurança social há 30 anos", explicou a mulher.
A dois de julho, teve uma reunião no local de trabalho e foi despedida com a justificação que a empresa arriscava ser multada se a continuasse a empregar. Admitiu que está com dificuldades em comprar alimentos, visto que é o único membro da família que trabalha e tem dois filhos para cuidar.
"Como eu vivi neste país toda a minha vida, nunca pensei que fosse ter problemas. O meu marido e os meus dois filhos são britânicos", referiu ao "The Guardian".
Dora-Olivia Vicol, CEO do Work Rights Centre, instituição de caridade que luta pela justiça dos trabalhadores, referiu que a organização tentou ajudar na situação que mas que o Governo recomendou que contactassem novamente dentro de duas semanas. "Isto ainda a deixa, e a outros como ela, numa situação altamente vulnerável", explicou.