Perto de seis mil crianças foram recrutadas pelas milícias que combatem na República Centro Africana, disse um responsável da ONU, no mesmo dia em que a União Europeia exprimiu preocupação pela "situação alarmante" no país.
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"Grosso modo, fala-se atualmente de cinco mil a seis mil crianças, o que representa quase uma duplicação da nossa anterior estimativa", que era de 3500 crianças, declarou em Genebra Souleymane Diabate, representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) na República Centro Africana.
A Unicef tem denunciado regularmente o recrutamento de crianças pelos grupos armados daquele país, cuja situação piorou desde o golpe de Estado de março realizado pela coligação rebelde Séléka, com origem na minoria muçulmana, que afastou o Presidente François Bozizé.
Um líder da Séléka, Michel Djotodia, autoproclamou-se presidente, comprometendo-se a organizar eleições no próximo ano.
Um dos países mais pobres do mundo, apesar de possuir significativas reservas mineiras de ouro, diamantes e urânio, a República Centro Africana tem 80% de cristãos e uma minoria muçulmana.
As duas comunidades religiosas têm vindo a defrontar-se, com os grupos "de autodefesa" de um lado e ex-rebeldes Séléka do outro.
A União Europeia voltou, esta sexta-feira, a exprimir preocupação face a "violações generalizadas dos direitos humanos que ocorrem com impunidade".
"Estamos muito preocupados com a situação alarmante na República Centro Africana", declarou um porta-voz da chefe da diplomacia da UE Catherine Ashton, considerando que "existe um risco considerável de uma nova escalada da crise, tendo como pano de fundo as tensões intercomunitárias e religiosas".
Diabate, por seu turno, apelou à mobilização da comunidade internacional, classificando a situação no país de "muito, muito grave", com cerca de 4,6 milhões de pessoas afetadas pela crise.
Os países africanos destacaram cerca de 2500 soldados para a República Centro Africana, numa missão que deve integrar 4500 homens e em relação à qual a UE analisa "as opções propostas para o apoio internacional", disse ainda o porta-voz de Ashton.