O Irão vai fixar com a Agência Internacional da Energia Atómica uma data para uma visita de inspectores ao seu novo complexo de enriquecimento de urânio.
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"A inspecção obedecerá a todas as regras. O presidente Mahmud Ahmadinejad já disse que não teremos qualquer problema quanto a uma inspecção em conformidade com as regras. Discutiremos esta questão com a Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA) e a data será anunciada após acordo com a agência" das Nações Unidas, declarou Ali Akbar Salehi, chefe do departamento iraniano da energia nuclear, à televisão estatal.
"O complexo situa-se na estrada entre Teerão e Qom, a 100 quilómetros da capital, e mais detalhes sobre o projecto serão fornecidos a seu tempo", acrescentou.
"Não pedimos permissão seja a quem for para as nossas actividades nucleares. Nunca renunciaremos ao nosso direito nessa matéria e no âmbito dos nossos compromissos internacionais" em matéria de energia nuclear, disse Ali Akbar Salehi.
A AIEA comunicou na sexta-feira que as autoridades iranianas a informaram no passado dia 21 sobre a construção de um segundo centro de enriquecimento de urânio, além do de Natanz (centro).
A divulgação surge alguns dias antes do encontro de Genebra, a 01 de Outubro, entre o Irão e as potências do grupo 5+1 (Estados Unidos, Rússia, China, França, Grã-Bretanha e Alemanha) para discutir o controverso programa nuclear de Teerão.
O anúncio suscitou o descontentamento de Israel e dos líderes ocidentais, nomeadamente do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que afirmou que o Irão deve "esclarecer" sobre o seu programa nuclear, ameaçando Teerão com novas sanções.
Salehi denuncia "uma conspiração" por parte dos países ocidentais que, segundo interpreta, querem utilizar este assunto para pressionar o Irão.
"O Irão deve provar o carácter pacífico do programa nuclear, uma vez que sem essa prova o regime vai sofrer pressões acrescidas e ficar isolado", declarou hoje Barack Obama, na sua mensagem radiofónica semanal, considerando que esta segunda iniciativa constitui "um grave desafio às regras da não proliferação" nuclear.
Também Israel já reagiu ao anúncio de Teerão, dizendo que a existência de um segundo complexo de enriquecimento de urânio no Irão precisa de "uma resposta inequívoca" por parte das grandes potências na reunião de Genebra.
"A revelação sobre este segundo sítio de enriquecimento nuclear no Irão prova, sem a menor dúvida, que este país pretende equipar-se com a arma atómica e espera-se uma resposta inequívoca sobre a questão em 01 de Outubro", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Avigdor Lieberman.
Os países ocidentais, na suspeita de que Teerão procura dotar-se de armas nucleares, acusam o Irão de ter desenvolvido este complexo em segredo, pedindo-lhe para mudar de política até Dezembro sob pena de novas sanções "severas".
Israel, que desde há muito aponta para o risco de um Irão nuclear, considera a República Islâmica como o seu maior inimigo, especialmente o presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, que por várias vezes advogou o desaparecimento do Estado hebreu.
"Não estamos surpreendidos pelas últimas revelações, porque de há muito dizemos que o Irão desenvolve actividades nucleares para fins militares", acrescentou Lieberman.
Em Nova Iorque, onde sexta-feira participou na assembleia-geral da ONU, Ahmadinejad defendeu que este novo complexo é "perfeitamente legal", mas não convenceu os países ocidentais.