O planeta Terra poderá ficar até três graus mais quente em 2100, se as emissões de gases com efeito de estufa continuarem a subir ao ritmo atual e os países, sobretudo os mais desenvolvidos, não mudarem radicalmente a forma como estão a combater as alterações climáticas.
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Esta é uma das conclusões do relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) de 2023 sobre a trajetória das emissões, divulgado esta segunda-feira, a pouco mais de uma semana da realização da COP28, no Dubai.
O documento preparado pela agência das Nações Unidas para o Ambiente (UNEP, a sigla em inglês) alerta que o Mundo está longe de alcançar os objetivos do Acordo de Paris, tratado internacional assinado em 2015 e que estabelece que o limite global de aumento da temperatura não vá, idealmente, além dos 1,5 graus. No entanto, os cientistas preveem que, se nada for feito, o limite do aquecimento global pode subir até aos três graus, no final do século, em 2100.
Daqui a sete anos, em 2030, o cenário mantém-se negro: serão produzidas 22 gigatoneladas de gases poluentes a mais do que o previsto no Acordo de Paris, se tudo se mantiver como atualmente. De recordar que, em todas as cimeiras das Nações Unidas, o limite de 1,5 graus de aumento da temperatura global nunca se alterou. Mesmo no melhor dos cenários, “as chances de limitar o aquecimento global para os 1,5 graus é apenas de 14%”, lê-se no relatório da UNEP.
Consumo desigual
Embora o Mundo ainda não tenha ultrapassado os 1,5 graus, já há estimativas, de outros estudos, de que esse número possa ser superado antes de 2030. Para impedir que tal ocorra, as emissões de gases devem diminuir 42%. Porém, se acontecer, a comunidade científica teme que os desastres naturais se tornem mais frequentes e devastadores.
Na COP28, o primeiro "Global Stocktake", uma espécie de balanço global sobre o Acordo de Paris, ficará finalizado. Será uma oportunidade de os governos dos países refletirem sobre o que pode ser feito para cumprir com as metas ambientais.
Os cientistas da UNEP salientam que se encontra uma “desigualdade” no consumo de gases poluentes: cerca de 10% da população mundial com maiores rendimentos é responsável por quase metade das emissões (48%) e dois terços vivem em países desenvolvidos. Por outro lado, os 50% mais pobres da população mundial contribuíram com apenas 12% do total de emissões.