O presidente norte-americano, Donald Trump, pediu no domingo a Israel para ser cuidadoso com o Catar, que é "um grande aliado" dos Estados Unidos, após o ataque israelita contra uma delegação do Hamas em Doha.
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"Estamos com eles. Eles têm sido um grande aliado", disse Trump aos jornalistas referindo-se ao Catar, segundo a agência de notícias espanhola Europa Press.
Israel atacou na semana passada uma delegação do Hamas na capital do Catar, matando cinco elementos do grupo palestiniano e um polícia local.
Na sequência do ataque, o Catar convocou para hoje uma reunião de líderes de países árabes e muçulmanos para adoção de uma posição relativamente a Israel.
Deverão participar na reunião os presidentes da Autoridade Palestiniana, do Irão, do Egito e da Turquia, e o primeiro-ministro do Iraque, entre outros líderes, segundo a agência de notícas France-Presse (AFP).
"O Catar tem sido um grande aliado. Eles têm tido uma vida muito difícil porque estão no meio de todos, por isso têm de ser politicamente corretos nas suas atitudes, mas digo-vos que têm sido um grande aliado dos Estados Unidos", afirmou Trump.
O presidente norte-americano disse que transmitiu ao primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que Israel "tem de ser muito, muito cuidadoso" em relação ao Catar.
"Eles têm de fazer algo com o Hamas, mas o Catar tem sido um grande aliado dos Estados Unidos", reiterou, antes de afirmar que o emir do país do Golfo, Tamim bin Hamad al-Thani, é "uma pessoa maravilhosa".
Trump afirmou que também comunicou a Doha que "tem de fazer um melhor trabalho de relações públicas".
"As pessoas falam muito mal deles, e não deveria ser assim. O Catar tem sido um grande aliado e Israel e os demais devem ter muito cuidado. Quando se ataca as pessoas, é preciso ter cuidado", concluiu.
Doha é um dos mediadores do conflito na Faixa de Gaza e abriga a maior base militar dos Estados Unidos no Médio Oriente.
O ataque de 9 de setembro ocorreu quando a delegação do Hamas estava reunida para discutir uma proposta de cessar-fogo de Trump para a Faixa de Gaza.
O primeiro-ministro do Catar, Mohamed bin Abdulrahman al-Thani, classificou a ação de Israel como "terrorismo de Estado".
"Chegou a hora de a comunidade internacional acabar com o duplo padrão e punir Israel por todos os crimes que cometeu", disse o primeiro-ministro do Catar no domingo, durante uma reunião preparatória para a cimeira de hoje em Doha.
A reunião ocorre enquanto o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, efetua uma visita a Jerusalém para apoiar Israel, aliado dos Estados Unidos, antes do reconhecimento da Palestina por vários países na Assembleia Geral da ONU.
"Israel deve saber que a guerra de extermínio em curso a que o nosso povo palestiniano irmão está sujeito, e cujo objetivo é expulsá-lo do seu território, não vai funcionar", acrescentou Al-Thani.
O ataque israelita contra Doha suscitou inúmeras condenações, nomeadamente por parte das ricas monarquias do Golfo, aliadas dos Estados Unidos.
Bassem Naim, membro do bureau político do Hamas, declarou no domingo que o movimento esperava que a cimeira de hoje resultasse numa "posição árabe-islâmica decisiva e unificada" e em "medidas claras" em relação a Israel.
Para Elham Fakhro, do grupo de reflexão Chatham House, a cimeira é uma forma de os Estados do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) "demonstrarem unidade num momento em que Israel violou diretamente a soberania de um Estado-membro".
A guerra em curso entre Israel e o Hamas foi desencadeada pelos ataques de militantes do grupo extremista em solo israelita em 7 de outubro de 2023, que mataram cerca de 1200 pessoas e fizeram 251 reféns.
Desde o início da ofensiva em Gaza que se seguiu ao ataque, as forças israelitas mataram mais de 64.800 pessoas e enfrentam acusações de genocídio e de uso da fome como armada de guerra, que negam.