Procuradores turcos abriram, esta quinta-feira, uma investigação sobre o jornal Cumhuriyet, de Ancara, que publicou excertos do primeiro número do jornal francês "Charlie Hebdo" que saiu depois do ataque da semana passada em Paris.
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De acordo com a imprensa da Turquia, os procuradores estão a investigar o Cumhuriyet por suspeita de "incitação à violência", um dia depois de o jornal turco ter lançado uma edição especial com algumas partes do último número da publicação satírica francesa alvo de um ataque terrorista na semana passada, que provocou 12 mortos.
O Cumhuriyet, jornal conotado com a oposição ao presidente Erdogan, traduziu os textos para turco e publicou desenhos do último número do "Charlie Hebdo", incluindo os cartunes sobre o grupo extremista da Nigéria, Boko Haram, e o Estado Islâmico.
A edição especial do jornal turco não publica, com a mesma dimensão, o desenho da capa da "Charlie Hebdo" que mostra o profeta Maomé apesar de reproduzir o cartune duas vezes, em formato mais pequeno, e que acompanha dois textos sobre o assunto no interior da publicação.
O Cumhuriyet (A República, em turco), fundado em 1924 por um próximo do fundador da Turquia moderna e laica Mustafa Kemal Ataturk, é resolutamente contra o regime do presidente Erdogan, tendo sido alvo de vários processos nos últimos anos, bem como de atentados. Vários dos seus jornalistas foram detidos.