Um juiz da Audiência Nacional, um tribunal especial espanhol para casos de terrorismo, abriu uma diligência especial para investigar a passagem por Espanha do francês Amédy Coulibaly, que na semana passada matou uma polícia e quatro reféns em Paris.
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Fonte oficial da Audiência Nacional confirmou esta quinta-feira à Lusa que a diligência refere-se ao crime de "colaboração com organização terrorista" e visa Amédy Coulibaly (abatido pela polícia francesa na semana passada), a sua mulher, Hayat Boumeddiene, e uma terceira pessoa que terá ajudado Boumeddiene a chegar à Síria.
Coulibaly e Boumeddiene passaram o ano na capital espanhola, Madrid, onde estiveram de 31 de dezembro a 2 de janeiro, pelo que as autoridades policiais espanholas querem saber o que fizeram e com quem contactaram.
O encarregado do processo será o juiz Eloy Velasco, que abriu a diligência depois de ter recebido um relatório policial sobre a passagem do casal e de um terceiro homem por Madrid.
Fontes das autoridades antiterroristas francesas, indica o jornal espanhol "El País", revelaram que a investigação indica que Coulibaly chegou a Madrid de carro - com a sua mulher e um outro homem. Apesar de terem chegado a 31 de dezembro, ainda não foram detetadas chamadas telefónicas que tenham feito a partir de Espanha.
Os investigadores estão agora a tentar perceber onde ficaram alojados e se tiveram algum tipo de apoio. Enquanto Coulibaly regressava a França, Boumeddienne apanhou um voo rumo a Istambul a 2 de janeiro e, após ter passado vários dias na cidade turca, entrou na Síria a 8 de janeiro.
Nesse mesmo dia, 8 de janeiro, Amédy Coulibaly iniciou uma escalada de violência, matando a tiro uma agente da polícia e, mais tarde, tomando de assalto um supermercado de produtos kosher. Do ataque ao supermercado kosher resultou a morte de quatro reféns e do próprio Coulibaly, abatido pela polícia.
As autoridades suspeitam agora que cometeu os crimes de forma independente do ataque ao semanário satírico "Charlie Hebdo", realizado por dois irmãos jiadistas, e que causou a morte a 12 pessoas.
Boumeddienne, que continua a ser procurada por suspeita de ser cúmplice nos ataques em Paris, apareceu em imagens de uma câmara de vigilância no aeroporto de Istambul, acompanhada por um homem franco-argelino, cujo irmão foi detido julho de 2014 por fazer parte de uma rede de recrutamento 'jihadista', destinada a enviar combatentes à Síria.