O primeiro-ministro admite que existe "uma divergência" com o chefe de Estado quanto à visão sobre as responsabilidades do caso Galamba, mas assegura "convergência" na prioridade, que é a "estabilidade" para o país e a melhoria das condições de vida dos portugueses. Continua a segurar o ministro e não está incomodado com a vigilância apertada de Belém.
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Em reação às duras críticas que o presidente da República lhe dirigiu na quinta-feira à noite, a propósito da gestão do caso que envolve o ministro das Infraestruturas João Galamba, António Costa confirmou que existe "uma divergência natural" com Marcelo Rebelo de Sousa, "rara mas que é normal entre dois órgãos de soberania", neste caso vindos de "hemisférios diferentes".
"É uma divergência. Pronto. Aconteceu", resumiu Costa, explicando que a falta de entendimento com o presidente incide sobre quem é o responsável pelo episódio recente que deixou Galamba e o Governo ainda mais na mira da Oposição. "É uma relação que tem sido marcada pela capacidade de acertarmos agulhas. Acho, por isso, que não se justifica dramatizarmos que, em sete anos e dois meses, tenha havido um momento em que as agulhas não ficaram acertadas", acrescentou o primeiro-ministro, falando aos jornalistas, esta sexta-feira à tarde, em Lisboa.
Numa intervenção em que elencou as medidas adotadas pelo Governo para combater a inflação, o chefe de Governo assegurou que, quanto às questões de fundo, há "total convergência" com o chefe de Estado. "Partilhamos a igual visão de que houve um incidente deplorável. Divergimos em relação às responsabilidades. Convergimos em garantir estabilidade (...) e evolução económica que se traduza na melhoria da vida dos portugueses", reiterou.
Condições "medem-se pelos resultados"
Quanto ao facto de o presidente da República ter prometido apertar vigilância ao Executivo, que considerou ter falhado em não assumir responsabilidade no caso que envolve o ministro das Infraestruturas, António Costa colocou-se ao lado de Marcelo. "Os portugueses confiam e desejam essa vigilância ativa por parte do presidente da República e o Governo não é exceção e não se sente incomodado", assinalou.
Questionado sobre se o ministro das Infraestruturas tem condições para continuar no cargo, o primeiro-ministro considerou que estas "medem-se desde logo pelos resultados", lembrando que, ainda na quinta-feira, o governante "logrou um acordo que pôs termo a uma greve na CP".
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