Os empresários de alojamento local do Porto saíram à rua, esta quarta-feira, em protesto silencioso contra as medidas do pacote "Mais Habitação", lançado pelo Governo. Os manifestantes contestam o pagamento de novas taxas e o poder dado aos condomínios e querem ser regulados diretamente pela Câmara do Porto. "Estas medidas vão ter um efeito devastador", alerta a empresária Sónia Afonso, lamentando que a taxa incida sobre os pequenos proprietários.
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Joana é empresária e dona de uma empresa de alojamento local e lembra a importância destes empreendimentos para a economia portuense.
"Queremos ser regulados pela Câmara Municipal do Porto, que é a única entidade que conhece a nossa realidade. O alojamento local ajudou a reconstruir o Porto, quando a cidade estava completamente abandonada há 17 anos. Nós adquirimos e reabilitámos imóveis, abrimos negócios e criámos emprego. Por isso, acabar com o alojamento local é destruir todo o trabalho feito até hoje."
Uma das pessoas responsáveis pela organização da manifestação foi Elsa Pereira. Sendo gerente de uma empresa de administração de imóveis, é uma das pessoas que, caso as medidas venham realmente a ser aplicadas, sairá prejudicada. "Estou aqui para manifestar-me contra este programa do Governo, porque não é solução para a habitação. Existem muitas outras medidas que poderão ser adotadas e acabar com o alojamento local não é certamente uma delas. "
De todas as medidas do pacote "Mais Habitação", aquela que, segundo os manifestantes, mais danos poderá causar aos alojamentos locais é a que concede aos condóminos o poder de encerrar um alojamento local.
Sónia Afonso, gestora de arrendamento de imóveis em alojamento local, está preocupada, também, com a aplicação de uma nova taxa. "Estas medidas vão ter um efeito devastador. Ao dar poder aos condomínios para cancelarem uma licença no imediato, sem qualquer motivo, muitos alojamentos deixarão de existir", sublinha, receando, também, o valor elevado da futura taxa.
"Os pequenos proprietários é que serão taxados. Não são os grandes hotéis, os grandes grupos, são os pequenos operadores que, em tempo de crise, conseguiram recuperar imóveis, levantar a economia, criar lavandarias e empresas de limpeza. São essas pessoas que vão deixar de ter emprego", insiste Sónia Afonso, que continuará a lutar.