Ana Nunes de Almeida diz que bispos sabem quem são os padres acusados de abusos
A socióloga Ana Nunes de Almeida garante que os bispos sabem quais são as denúncias feitas contra os sacerdotes acusados de abusos sexuais. "Não são nomes soltos. Têm casos que os sustentam", escreveu na rede social Twitter.
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"As listas dos nomes de alegados abusadores entregues pela Comissão Independente são o final de um processo longo de trabalho entre testemunhos, investigadores e bispos", referiu a especialista que pertenceu à já extinta Comissão Independente (CI) para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças. Ana Nunes de Almeida garante ainda que os bispos "foram informados dos locais/anos de abuso".
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D. José Ornelas, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) referiu, na passada sexta-feira, após uma assembleia com todos os bispos portugueses, que os responsáveis pela Igreja em Portugal pouco podem fazer. "Só recebemos uma lista de nomes sem acusações", afirmou.
Ao JN, Daniel Sampaio, também membro da CI, negou a falta de informação apontada pelos bispos. "Não pode haver surpresa nenhuma porque os bispos já conheciam a lista e os nomes. A equipa de historiadores da comissão esteve, pessoalmente, em cada diocese a consultar os arquivos e a pesquisar esses mesmos nomes. Já todos sabiam quem tinham sido os padres nomeados pelas vítimas", frisou Daniel Sampaio. E continuou: "Está previsto no Direito Canónico a suspensão preventiva dos sacerdotes e era isso que deveria ser feito".
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Depois de ser tornada pública a existência de 512 testemunhas de abusos sexuais, apontando para um universo de 4815 vítimas, a CEP anunciou que vai ser criada uma nova comissão para tratar deste assunto e vão ser mantidas as comissões diocesanas. Sem datas, será criada uma rede de apoio psicológico e psiquiátrico para as vítimas e para os abusadores.
Não está previsto o pagamento de indemnizações e o futuro dos padres acusados de abusos será decidido pelo bispo de cada diocese. A Comissão Independente entregou à CEP e, posteriormente ao responsável de cada uma das dioceses portuguesas, uma lista com cerca de 100 nomes de padres e membros de ordens religiosas indicados como abusadores nos testemunhos recebidos.