O Centro Hospitalar do Porto decidiu alterar os testes para comprovar a amamentação, que serão feitos por análises à prolactina em vez de por prova de amamentação.
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O presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar do Porto, Sollari Allegro, disse esta segunda-feira que os testes para comprovar a amamentação serão feitos por análises à prolactina. A declaração surge na sequência do caso de duas enfermeiras de dois hospitais do Porto que se queixaram de terem tido que comprovar às entidades laborais que estavam a amamentar, "espremendo leite das mamas à frente de médicos de saúde ocupacional", conforme noticiou o jornal "Público".
"Para verificação se estavam em aleitamento [fazia-se] a expressão da mama, a retirada com bomba ou a [análise à] prolactina e as senhoras faziam a escolha do método que pretendiam. É evidente que se não quisessem fazer, não faziam e não havia qualquer consequência", disse à Lusa Sollari Allegro.
Mas, na sequência do escândalo e a partir desta segunda-feira o conselho de administração do Centro Hospitalar do Porto deu ordens para que passasse a ser utilizada apenas a análise à prolactina "às que aceitarem fazê-lo".
Sollari Allegro justificou a prova por terem verificado que "havia muita gente em aleitamentos prolongados, muito além daquilo que é imaginável", pelo que foi pedido ao departamento de Qualidade que implementasse um sistema de controlo.
"Eles decidiram que havia um chamamento das pessoas que estavam em aleitamento há mais de dois anos e depois punham três hipóteses", disse o responsável.
Sobre as eventuais consequências de quem se recusasse a fazer o teste, Sollari Allegro afirmou que "legalmente não pode haver consequências, é uma tentativa de esclarecer as situações".
No domingo, o ministro da Saúde, Paulo Macedo, disse não conhecer a metodologia aplicada pelos dois hospitais do Porto que pediram provas de evidência de leite às funcionárias que recorrem à possibilidade de redução do horário de serviço por amamentarem.
No mesmo dia, a porta-voz do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, defendeu alterações legislativas para acabar com os atentados contra a dignidade das mulheres e pediu esclarecimentos ao ministro da Saúde sobre as enfermeiras que tiveram de espremer leite para provarem estar a amamentar.
No mesmo sentido foram as declarações do deputado do PCP Jorge Machado, que disse à Lusa que o partido vai questionar o Governo na sequência da denúncia de que há trabalhadoras em hospitais no Porto a serem forçadas a espremer leite para provar que estão a amamentar.