Joaquim Sousa Gago, membro da Coordenação Nacional para as Políticas de Saúde Mental, falou ao JN sobre o número de mortes por suicídio em Portugal.
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Em que nível estamos quanto à prevenção e cuidado da saúde mental?
Atrasados e em défice, mas com planos importantes, como a criação de equipas comunitárias de saúde mental para a compensação das carências que este setor tem sentido ao longo dos anos.
Que justificações podem ser encontradas para a subida do número de suicídios de 2020 para 2021?
O aumento registado é preocupante, mas não é significativo. É necessário, no entanto, tê-lo em conta. Devemos olhar para o que tem vindo a acontecer: o isolamento e a solidão, as dificuldades sociais no regresso às rotinas, as mudanças na forma de trabalhar, os períodos de luto por quem perdeu a vida, as dificuldades de emprego e económicas. É multifatorial.
Com uma nova crise à vista, podemos esperar um pico de suicídios semelhante ao de 2011?
As doenças de saúde mental têm um determinante social muito grande e, por isso, podemos afirmar que a pobreza e os problemas económicos agravam e aumentam a incidência das mesmas. No pós-pandemia, com uma guerra a decorrer na Europa e numa iminente crise, faz sentido prever que irão aumentar os problemas de saúde mental, mesmo os mais graves como o suicídio. O acesso é a nossa maior preocupação, especialmente em casos graves.